Page 143 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Spilotro já está na porta da frente. Larks se apressa, corre atrás de Spilotro
e enfia a agulha em seu pescoço. As pernas do homem cedem como um
viciado tomando a primeira dose de heroína em um mês. Sua cabeça quica
no chão quando ele cai, o baque ecoando pela casa escura.
Larks olha por sobre o ombro, e então passa por cima do corpo,
agarrando-o por baixo dos braços e o arrastando para dentro.
• • • •
A primeira coisa que Larks faz é acender a lareira. Deixa o fogo bem alto,
e para diante das chamas enquanto os dedos descongelam. Usa as cordas
das cortinas para amarrar Spilotro a uma poltrona de couro ao lado da
lareira, e puxa uma poltrona idêntica para si mesmo e a coloca em frente.
É uma bela sala de estar, pensa Larks. Mobília cara, madeira polida, um
bar bem abastecido. Larks se serve de conhaque, algo para ajudá-lo a banir
os últimos vestígios de frio.
Ele pega a bebida e se senta, esperando Spilotro acordar, bebericando
lentamente e deixando o calor se infiltrar em seu corpo.
Quando termina a bebida, Spilotro geme, saindo de seu sono induzido por
drogas. Larks larga o copo, descansa os braços na poltrona e aguarda.
Spilotro pisca os olhos até conseguir abri-los. Olha confuso para a lareira.
Tenta se mover e se dá conta de que não consegue. Seus olhos se arregalam,
olhando para a corda que o prende, e então olha para Larks.
O medo em seu rosto é uma delícia de se ver. Larks fica em silêncio por
um momento, apenas saboreando aquela visão. Esperando que ela mude.
E muda.
Nesse ponto da vida de Larks, ele se considera uma espécie de perito no
que diz respeito a expressões faciais criadas por coações. Analisar tais
coisas se tornou um passatempo para ele. Ou talvez “obsessão” seja o termo
correto. Esses momentos são o alimento de sua alma. Para alguns, é pintar.
Para outros, escrever. Para Lark, é testemunhar as emoções dos que estão
prestes a morrer.
O medo no rosto de Spilotro se torna raiva. Larks quase pode ouvir seus
pensamentos. Minha casa. Esse desgraçado invadiu minha casa! Eu vou