Page 139 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
P. 139
Ela concorda em esperar. Durante todo o caminho até o aeroporto, Matt
repassa situações na cabeça, argumentos para fazê-la ficar. Ele já é um
advogado, e tentará argumentar em causa própria.
Elektra não vai ouvir. Está parada ao lado da pista de pouso, a neve
empilhada em um grande monte. O avião já abastecido e preparado para
decolar.
Está usando um casaco pesado. Sua respiração enche o ar de nuvens. Matt
pode sentir quando para diante dela: o calor que exala de seu corpo ficando
gelado quando é exposto ao ar.
– Não tente me convencer.
– Por quê? Se você simplesmente…
– Não! Não percebe? Eu não estou destinada a ser feliz. Esse é meu
castigo.
Matt balança a cabeça.
– Isso não é…
– É. Eu amava papai, então ele teve que morrer. As vozes me disseram.
Elas fizeram isso, Matt.
– Elas…?
– Elas fizeram isso! Elas tiveram que me mostrar quem eu sou. Que eu
tenho que ficar sozinha.
– Elektra, por favor. Você não tem que ir.
– Tenho. Você não percebe? Se eu não for, você será o próximo.
– Quem fez isso? Quem matou seu pai? Podemos denunciar. Fazer com
que sejam presos…
– Não importa quem apertou o gatilho. As vozes estão por trás disso.
Matt não sabe mais o que dizer.
– Não vou te arrastar para o fundo comigo. Você não vai acabar como meu
pai. Eu posso muito bem fazer isso. Posso deixá-lo. Vou para o inferno
sozinha.
– Você não vai para o inferno – ele diz com tristeza.
Ela ri, alto e claro, no ar congelante, e Matt pode ouvir a pitada de histeria
na risada. Ele a puxa para um abraço e a envolve em seus braços, tentando
protegê-la, protegê-la do mundo.