Page 137 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
P. 137

–  Não  conhece  –  ela  suspira.  –  Você  sabia  que  eu  matei  cinco  homens

                semana passada?
                  Ele ri, aliviado por ela já estar fazendo piadas.
                  – Você acha que estou brincando. – Sua voz é triste.

                  – É claro que está.
                  – Eu não mereço amor, Matt. Nunca mereci.

                  – Todo mundo merece amor.
                  – Eu não. Não depois das coisas que fiz. – Ela rola para longe dele e se

                senta,  os  joelhos  próximos  ao  peito  enquanto  olha  fixamente  para  as
                chamas. Sem se mover.

                  – Se eu pudesse ter evitado me apaixonar por você, eu teria.
                  – Por quê? Por que quer evitar sentir-se feliz?
                  – Não está ouvindo? Eu não mereço. Não posso ser feliz, Matt. Eles não

                permitem.
                  – Quem? Quem não permite?

                  Ela balança a cabeça.
                  – As pessoas se machucam perto de mim…

                  Matt sente um arrepio ao ouvir aquilo. As pessoas se machucam perto de
                mim. Ele vê o lampejo de uma mulher caindo da janela, e tenta não pensar.

                  – Você está louca – ele diz. Mantendo o tom leve. Provocando.
                  – Louca? É isso mesmo, Matt. Eu sou louca.
                  – Eu estava brincando. Não quis dizer…

                  Elektra se vira para Matt. Coloca a mão quente sobre o rosto dele.
                  – Eu sei que não quis. Mas é a verdade. Eu… ouço vozes, Matt.

                  Ele balança a cabeça, confuso.
                  – Que tipo de vozes?

                  – Em minha cabeça. Elas… falam comigo. Me mandam fazer coisas. Todo
                o  tempo.  Sem  parar.  Gritando  em  minha  mente.  O  único  momento  que

                consigo calá-las é quando estou fazendo… loucuras.
                  Vozes? Matt se pergunta se ela está sendo literal. Como esquizofrenia? Ele
                não sabe se pode perguntar. Então espera que ela continue.

                  – Elas começaram quando eu era mais nova. Elas… – sua voz some. – Na
                verdade, quer saber? Esqueça. Esqueça o que eu disse.
   132   133   134   135   136   137   138   139   140   141   142