Page 142 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Quatro anos atrás.
Larks tem uma missão, e é uma das que lhe cai muito bem. Uma pela qual
ele sente que esteve em treinamento pela última década. Todos os
assassinatos, todas as mortes – tudo levou a essa missão. Uma noite para
estabelecer um novo começo.
Ele sente uma pontada de excitação enquanto aguarda diante da casa de Al
Spilotro. É um sobrado antigo. O telhado inclinado, um pequeno jardim
bem cuidado na frente. Caro. Elegante. Não é o que ele esperaria do velho.
A noite está congelante. A respiração de Larks enevoa o ar diante dele,
arrastando-se por sobre o ombro enquanto ele atravessa a rua. Diminui o
passo conforme se aproxima do portão e olha em volta, mas não há
ninguém por perto. Está muito frio. Todos estão encolhidos em frente de
suas lareiras ou no aconchego de suas camas.
Larks abre o portão de ferro e se aproxima da porta. É pesada, esculpida
em mogno. Ele bate e espera.
Nenhuma resposta.
Larks anda pela lateral da casa, certificando-se de que suas pegadas não
fiquem visíveis, e então se inclina por sobre um muro onde pode ficar de
olho no portão da frente. Ele poderia simplesmente arrombar e esperar lá
dentro – Larks sabe que Spilotro não é casado, então não haveria ninguém
lá com quem lidar –, mas assim parece mais apropriado. Um pouco de
desconforto antes do prazer.
Spilotro chega meia hora depois. Os dentes de Larks estão batendo; seus
dedos, mesmo protegidos pela luva de couro, estão quase completamente
dormentes.
Ele ouve o guincho das dobradiças do portão e vê Spilotro subindo o
caminho. Larks revira os bolsos desajeitadamente, procurando a seringa que
já havia deixado preparada. Os dedos dormentes a derrubam. Ele xinga em
silêncio, tira as luvas com os dentes, e então pega a seringa com cuidado.