Page 179 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Erin liga para ele alguns dias depois e pede que a encontre em uma
pequena cafeteria em um bairro próximo da Cozinha do Inferno.
Ele chega cedo. O sol do inverno brilha através das janelas sujas, tocando
tudo com uma luz frágil e ríspida. Ele bebe duas xícaras do café mais fraco
que ele já provou na vida enquanto espera por ela, que finalmente aparece,
esgueirando-se por trás dele e se sentando no assento oposto.
– Você está atrasada.
– De nada. – Ela joga um arquivo na mesa e ergue uma mão coberta de
anéis para chamar a atenção da garçonete. Um anel é mais estranho e
grotesco que o outro.
– Café – ela diz quando a garçonete se aproxima. – A coisa mais vil e
forte que você tiver. Se ele não dissolver minha colher, não é bom o
bastante.
– Você cortou o cabelo – Ben diz quando a garçonete se afasta.
Seu cabelo roxo se estende em uma franja longa demais sobre um lado do
rosto.
– Eu deixei meu cabelo crescer. Para você ver quanto tempo faz.
– Sério?
– Ano passado? Verão? O incidente do taco e rum?
– Ah, é! Tanto tempo? Desculpe. Eu não me dei conta. O trabalho anda
meio louco.
– Pois é, louco é palavra certa se esse é o tipo de coisa que você anda
cobrindo. – Ela dá um toque no envelope pardo.
– Descobriu alguma coisa?
– Claro que descobri alguma coisa… Bem, minha amiga descobriu. Mas
dá na mesma para você.
Ela desliza o envelope, aproximando-o dele. Ele o abre e folheia uma série
de relatórios de autópsia fotocopiados.
– Você está me devendo uma.
– Eu sei – Ben diz, sem dar atenção.
– Uma bem grande.
Ele continua folheando os relatórios. Há muitos. Olha para Erin.
– Dezessete – ela diz antes que ele pergunte.