Page 90 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Ele  não  acha  que  vai  ser  desafiador.  Mas  há  algo  que  ele  sempre  quis

                fazer.
                  Sobe as escadas até o andar seguinte, passa pelos consultórios, olhando
                para dentro, até que encontra o que está procurando: um jaleco branco de

                médico, pendurado no encosto de uma cadeira. Larks entra no consultório e
                o agarra, desapontado por não encontrar, também, um estetoscópio dando

                sopa por ali. Pois é, cavalo dado não se olha os dentes.
                  Veste o jaleco e verifica a etiqueta com o nome. Dr. Slater. Um sorriso

                minúsculo surge em seus lábios. Gostou disso.
                  Larks  procura  a  faca  que  gosta  de  manter  no  bolso  detrás  de  sua  calça

                jeans. Ele ainda pode sacá-la se rapidamente afastar o jaleco, então sai do
                consultório satisfeito.
                  Muda o passo: endireita os ombros, anda com o tipo de arrogância casual

                que  os  médicos  têm.  Aquele sou  importante  demais  para  qualquer  coisa
                aqui tipo de andar.

                  Ele  segue  para  a  enfermaria,  onde  sabe  que  Slade  e  os  outros  estão.
                Quando  vira  no  corredor,  surpreende-se  em  ver  um  policial  sentado  ali,

                lendo uma revista.
                  Ele  não  para  de  andar.  Não  diminui  o  passo.  Sempre  aja  como  se

                pertencesse ao lugar, e ninguém te questionará.
                  O policial olha para ele. É jovem. Está entediado. Mas há algo por trás de
                seu  olhar  enquanto  observa  o  jaleco  de  Larks  e,  depois,  os  seus  cabelos

                mais longos do que o normal. Ele franze a testa levemente, tentando juntar a
                imagem que tem de um médico com esta que vê se aproximando.

                  – Boa noite, oficial – diz Larks.
                  O policial assente, ainda desconfortável, mas sem saber o motivo. Larks

                fica maravilhado com a quantidade de confusão que um simples jaleco pode
                causar.

                  – Você tem uma família esperando em casa? – pergunta Larks.
                  – Por quê? – rebate o policial, na defensiva.
                  – Nenhuma razão em especial. Não é fácil fazer o turno da noite por causa

                de um bando de canalhas.
                  O policial relaxa um pouco.
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