Page 85 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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A  porta  está  destrancada.  Ele  a  abre  e  espera  enquanto  ela  range

                lentamente para dentro.
                  – Sou eu, Stick. Não precisa ficar paranoico.
                  Stick dá um passo para dentro do quarto, fecha a porta atrás de si.

                  –  Paranoia  é  nossa  amiga.  Faria  bem  em  se  lembrar  disso.  –  A
                exasperação se arrasta em sua voz.

                  – Você deixou a porta destrancada.
                  – Se a Mão quiser me encontrar aqui, você realmente acha que essa porta

                os impediria? Um garoto com um martelo de borracha pode quebrá-la.
                  A janela está bem aberta. Stick pode sentir a brisa fria entrando no quarto,

                trazendo com ela o cheiro da fumaça dos carros e da humanidade.
                  – O que foi?
                  Stick suspira profundamente.

                  – Perdemos ele.
                  Ele sente que Stone fica tenso.

                  – Não. Não acredito nisso.
                  –  Quer  acredite,  quer  não,  é  verdade.  Matt  Murdock  não  é  aquele  que

                procuramos.
                  – Ele tem que ser!

                  – Não. Ele fez justiça com as próprias mãos esta noite. Ele pegou meus
                ensinamentos e os usou para proveito próprio.
                  – Que tipo de proveito? Roubo?

                  Stick faz uma pausa.
                  – Vingança. Contra aqueles que mataram seu pai.

                  Um momento de silêncio. E então…
                  – Você está louco? – Stick consegue perceber a raiva mal contida na voz

                de seu antigo aluno. – O garoto se vingou dos assassinos de seu pai e por
                isso você diz que não podemos usá-lo?

                  –  Ele  é  indisciplinado.  Emocional.  Eu  achei  que  poderia…  ensiná-lo  a
                controlar essas coisas. Eu falhei.
                  – Você não falhou. Você criou uma arma. Esta noite a arma sentiu o gosto

                do sangue pela primeira vez. A lâmina se saciando.
                  – Não. Eu o julguei mal. Ele não pode nos ajudar.
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