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ALGUNS RESULTADOS INÉDITOS



                           Segundo Reis (2003, p. 23), que também utiliza os   (quitandeiros e vendedores ambulantes), advogados,
                           dados  do censo de  1855,  havia distinções entre os   sapateiros, pintores, músicos e outros – mais a parcela
                           nomes dados aos negros, brasileiros ou estrangeiros,   africana e afrodescendente .
                                                                                                 10
                           e mestiços. O negro era chamado de crioulo, quando
                                                                           A própria configuração das famílias residentes podia
                           nascido no Brasil. O mulato, mestiço de pretos e
                                                                           ser  variada,  incluindo  algumas  vezes  pessoas  de  cor
                           brancos, também podia ser chamado de pardo, e o
                                                                           e condição jurídica diversas, além de agregados e
                           mestiço  de  mulato  com  crioulo  era  chamado  cabra.
                                                                           escravos. É o exemplo da casa de número 49, no
                           Aos africanos cabia a designação preto. Estes, além de
                                                                           Pelourinho, onde residia uma família composta por
                           serem distinguidos pela cor, eram também distinguidos
                                                                           um português casado com uma crioula e três filhos
                           pelas nações e pela condição jurídica de livres, libertos
                                                                           pardos. Já na rua do Aljube, muito perto da extinta
                           ou escravos. Os pardos também podiam estar entre
                                                                           Capela de Guadalupe, residia um músico solteiro, em
                           essas três distinções jurídicas.
                                                                           companhia de quatro irmãs, um filho e um agregado,
                                                                                      11
                           Composta basicamente por sobrados, a Sé abrigava   todos pardos .
                           nesse período membros da alta sociedade, como o
                                                                           Kátia Mattoso (1992, p. 440-441) também descreve, de
                           barão de Jaguaripe, proprietário de um imóvel na rua
                                                                           forma detalhada, o perfil social e étnico dos moradores
                           Direita do Palácio, e libertos ou escravos que alugavam
                                                                           de duas ruas próximas à Capela de Guadalupe. A
                           os porões de sobrados vizinhos.  Voltando aos dados
                                                                           primeira diz respeito à rua da Ajuda e a segunda, à rua
                           apontados por Nascimento (1986, p. 68), percebe-se
                                                                           Direita da Ajuda. A partir dessas referências, a autora
                           que a freguesia da Sé, em meados do século XIX, ainda   apresenta sete casas registradas no censo de 1855, seis
                           abrigava classes abastadas da sociedade, só que seu   das quais habitadas principalmente por mulatos livres,
                           perfil social e econômico começava a se transformar,   viúvos, solteiros, crianças, trabalhadores especializados
                           existia uma população pobre que cada vez mais ocupava   e agregados. Nesses seis casarões, moravam 24 mulatos,
                           o espaço central da cidade . 9                  uma escrava e um português.

                           A Sé da segunda metade do século XIX vai mudando   Numa sociedade escravista e estratificada, a posição so-
                           suas feições, ganha diversos pontos comerciais, assim   cial e a cor se confundiam . Isso se aplica tanto a Salvador,
                                                                                               12
                           como passa a abrigar “o grosso da população baiana,
                                                                            10   REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres
                           […] artesãos livres, alforriados, escravos, funcionários,   e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo:
                           burgueses  e nobres” (Mattoso,  1992, p.  440). Fora  os   Companhia das Letras, 1991, p. 30.
                           poucos privilegiados que residiam ou apenas passavam   11   NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira. Dez freguesias da
                           uma temporada na freguesia da Sé, a comunidade   cidade do Salvador: aspectos sociais e urbanos do século XIX.
                                                                            Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1986, p.
                           era formada por empregados do serviço público e   68-71.
                           eclesiástico, comerciantes de  médio e pequeno porte   12   REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres
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                            9   Ver capítulo III.                           Companhia das Letras, 1991, p. 37.





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