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defendiam a ideia de que brasileiro “puro” era o mestiço, Maria Madalena de Lima Queirós, que legou fundos em
e não o branco ou negro “puro” nascido no Brasil. testamento para a sua manutenção.
Determinadas irmandades de pardos chegaram tam- Aqui nos interessa especialmente a Irmandade dos
bém a exigir a presença apenas de “pardos puros” entre Pardos de Nossa Senhora de Guadalupe, fundada por
seus membros. E assim, fundando grupos apenas de volta de 1640, na Igreja da Sé de Salvador. Conta-se que,
pardos, conseguiam um lugar próprio na igreja e na devido à dissolução da União Ibérica, a santa perdeu
vida social da colônia e do Império. O lugar dos homens seus devotos espanhóis, que inclusive mandaram fazer
pardos na igreja estava intimamente ligado à proteção sua imagem em madeira e revestir em prata. Os pardos ALGUNS RESULTADOS INÉDITOS
de uma entidade – um santo, ou uma imagem de nossa que eram propriedade da Igreja pediram permissão
senhora – com a qual fosse possível uma identificação. para o culto à virgem morena. Permissão concedida,
Principalmente as imagens pardas de Nossa Senhora fundaram a irmandade, que parece ter progredido o
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cumpriram esse papel . suficiente para construir seu próprio templo, em 1776.
Larissa Viana (2007, p. 106-115) conseguiu identificar Como já foi dito, a pesquisa revelou onde foi construída
na Bahia algumas irmandades de pardos devotos a capela. Sua localização causou controvérsia entre
dessas virgens morenas. As preferidas dos pardos os historiadores durante muito tempo. É intrigante
eram Nossa Senhora do Amparo, Nossa Senhora de a escolha do local considerando-se as dificuldades
Guadalupe e Nossa Senhora do Terço, essa última apresentadas pelo terreno e a forte presença negra
em alusão a Nossa Senhora do Rosário, protetora observada na área desde o século XVIII, período da
dos negros. A Igreja da Sé de Salvador abrigava construção. Recorrendo novamente a Larissa Viana
duas irmandades ligadas às duas primeiras santas. (2007, p. 146-147), temos a informação de que no Rio
Segundo Lucilene Reginaldo (2005, p. 177), os pardos de Janeiro, no início do século XVIII, tornou-se comum a
forros eram geralmente devotos de Nossa Senhora doação de terrenos próximos aos limites da cidade para
do Amparo, enquanto a Virgem de Guadalupe era
preferida pelos pardos cativos.
Nossas pesquisas em arquivo identificaram quatro
templos dedicados a Nossa Senhora de Guadalupe na
área hoje correspondente à Grande Salvador. Um deles, Suposição de
fachada da Igreja
localizado na ilha dos Frades, é referido como o maior de Guadalupe, com
polo de romaria da Bahia no século XIX, embora se inspiração em igrejas
situasse em propriedade privada. Também instalada em locais (detalhe da
aquarela da p. 193).
área particular e dedicada à Virgem de Guadalupe, era a
Capela do Engenho de Cotegipe, pertencente a Dona
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20 Idem, ibidem, p. 154-157.
Programa monumenta – IPhan