Page 141 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Helena apresentou um projeto piloto de cultivo de corais em viveiros natu-
rais, alimentados por fragmentos recolhidos do próprio recife — um ciclo de cuidado
que imitava os ritmos do oceano.
E, pela primeira vez, o Instituto abriu as portas para parcerias com povos
indígenas, pescadores artesanais e guardiões tradicionais do mar, como Dona Yara.
— “Eles sempre souberam,” disse ela com um sorriso. “Só estavam espe-
rando que a ciência ouvisse com o coração.”
No mural da sala, sob o título Guardiões do Oceano, os planos começaram a
tomar forma. Não eram apenas estratégias: eram sementes de uma nova era.
E naquela noite, ao olharem o mar pela varanda do Instituto, todos sentiram:
o coração do recife pulsava junto com o deles.
Na quietude da madrugada, o Instituto adormeceu sob o sussurro das ondas.
Lívia ficou por último na sala, olhando o mapa do arquipélago iluminado
apenas pela luz tênue da lua. Os pontos do recife agora formavam algo que ela nunca
tinha percebido: uma espiral. Um símbolo antigo. Natural. Quase como uma assina-
tura do próprio oceano.
Ela se aproximou da janela. Lá fora, o mar estava calmo, sereno, como se
respirasse em paz.

