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Primeiras décadas do Cinema em Portugal


               cerebral, morria Aurélio da Paz dos Reis, autêntico pioneiro do cinema português, aqui realizando filmes antes
               mesmo da Espanha, da Itália, da Rússia, da Suécia e da Noruega. «Se é certo que Paz dos Reis seguiu muito
               de perto os assuntos já tratados e que teria visto em França, o facto é que ninguém lhe pode negar a glória de
               ter sido o primeiro português a realizar filmes, numa altura em que o cinema era ainda quase desconhecido na
               maior parte do mundo.»

                     O cinema português nascia e morria naquele ano de 1896. Para só renascer alguns anos mais tarde.
               Tudo quanto se fez em Portugal, em matéria de cinema, desde 1896 até 1912, não vai muito além do que já
               havia sido feito por Aurélio da Paz dos Reis, uns anos antes. Assim, quando, em 1899, Manuel da Costa Veiga
               funda, com  o operador Bobone, a primeira empresa  produtora e distribuidora de filmes: a  “Portugal-Film”,
               limita-se à realização de  alguns documentários  -  Praia de  Cascais, Parada  de bombeiros, Exercícios  de
               artilharia em Belém,  etc.  -  e  reportagens das visitas  a Portugal de  Afonso XIII,  Guilherme II, o Presidente
               Loubet e o Príncipe de Gales.

                     João Freire Correia, fotógrafo, inicia a sua actividade ao comprar um projector para a inauguração do
               "Salão Ideal"  ao Loreto,  em 1904, a primeira sala de cinema portuguesa.  Funda a  produtora,  “Empreza
               Cinematographica Ideal”, cinco anos depois, para a qual roda vários filmes, como a "Batalha de Flores" que
               alcançou grande êxito. Foi operador de  "O Rapto de Uma  Actriz",  primeiro filme de entrecho português,
               realizado por Lino Ferreira em 1907.

                     Num dia de Verão de 1906, na “Feira de S. Miguel”, no campo onde depois nasceu a actual Rotunda da
               Boavista, os portuenses assistiram à primeira sessão de cinema de que há memória na cidade, em termos de
               espectáculo  aberto ao público. Não foi essa  a primeira vez que  no Porto se projectaram filmes,  mas os
               espectáculos de 1906 marcam, com certeza, o início da longa história portuense da exibição cinematográfica.
               Os responsáveis pelos históricos acontecimentos cinematográficos da  “Feira de  S. Miguel”  foram António
               Neves e Edmond Pascaud.


                     Em 1907 abre o "Salão Chiado" nas instalações dos "Grandes Armazéns do Chiado", na Rua Nova do
               Almada em Lisboa. por iniciativa Raúl Lopes Freire, filho de um respeitado comerciante lisboeta. Em 1908 este
               empresário abriria outra sala maior e com mais conforto o "Salão Central" na Praça dos Restauradores.



























                     Foi em 1907 que se realizou em Lisboa a primeira filmagem com registo de sons. Já em 1894 Edison
               tinha tentado a  primeira ligação  dos seus dois inventos, o  Kinetographo  e o  Fonographo. Mas  o primeiro
               aparelho que realizava um sincronismo de imagem e som, foi criado em 1902 pelo grande percursor francês
               Gaumont que lhe deu o nome de cronofone. O local da filmagem  foi o pátio de um edifício situado na Rua da
               Palma. Os audaciosos empreendedores foram joâo Freire Correia, então proprietário da “Fotografia Londres”
               na Rua  das Chagas e  Manuel Cardoso. Conhecendo a fundo a técnica cinematográfica do seu tempo
               realizaram uma das primeiras películas filmadas em Portugal e que foi intercalada entre duas cenas da revista
               "Ó da Guarda".



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