Page 12 - Cinema Português
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Primeiras décadas do Cinema em Portugal
Foi então que lhes ocorreu realizar o primeiro fonofilme português. Tiveram de improvisar tudo. João
Freire Correia conseguiu , no entanto, obter um sincronismo rigoroso, ou quase, ligando a câmara de filmagem
e o aparelho de gravação a dois motores eléctricos que trabalhavam a velocidades iguais. O resultado obtido,
atendendo aos recursos técnicos da época podia ser considerado notável. Foi «estrela» dessa película falante
a actriz e cantora de fados, Júlia Mendes. Em frente a velhos cenários teatrais, rodeada por maquinismos
pouco complexos do tempo, a artista cantou uma das canções então em voga. "A Grisette". (foto seguinte)
O aumento do número de animatógrafos, incrementava a concorrência entre elas. Quando a frequência
de espectadores diminuía, algumas gerências criavam novos motivos de interesse, para atrair mais
espectadores. Exemplo dessas iniciativas foi a «invenção» do animatógrafo falado, efeito que se conseguia
colocando atrás do écrã um grupo de actores que produziam, com o realismo e sincronismo possíveis, os
ruídos e falas adequadas às cenas dos filmes, então já com maior duração e enredo. O "Salão Central", na
Praça dos Restauradores, em Lisboa e inaugurado em 1908, chegou a ter orquestra para acompanhar os
filmes.
Neste período, o "Chiado Terrasse" inaugurado em 21 de Novembro de 1908 na Rua António Maria
Cardoso era, em paralelo com o "Salão Central" (1908) e o "Salão Trindade" (1911), era dos cinemas de maior
prestígio de Lisboa, quer pela sua dimensão e qualidade das instalações, quer pelo interesse dos seus
programas, sendo mesmo considerado, por alguns, o mais cómodo, amplo e elegante salão cinematográfico
de Lisboa.
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