Page 52 - Teatros de Lisboa
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Teatro do Ginásio


               ministro Rodrigo da Fonseca Magalhães auxiliasse a reconstrucção do theatro, dando credito á empreza. Os
               illustres scenographos Rambois e Cinatti prestaram-se gratuitamente a fazer a planta e a dirigir os trabalhos.
               O mestre d'obras Ruas, avô dos  actuaes  emprezarios do theatro  do  Principe Real, tomou conta da
               construcção  fornecendo todo o material e pagando  as  ferias aos operários. As condições foram estas:  o
               empreiteiro  obrigou-se  a  dar  o  theatro  prompto  a  funccionar  no  prazo  de  sete  mezes  pela  quantia  de
               12:000$000 réis, paga no prazo de doze annos, em prestações semestraesde 600$000 réis, sendo 500$000
               réis de capital e 100$000 réis de juros de mora.
                     Faltavam ainda os meios para fornecer o theatro de scenario, mobilia g outras coisas indispensáveis.
               Todos os fornecedores se  prompti(icaram  a entregar tudo, esperando  pelo pagamento.  Suas Magestades
               tomaram  os camarotes, que ainda hoje conservam,  dando 600$000  réis por anno, que ainda  hoje dão,  e
               mandaram-os decorar e mobilar a expensas suas. El Rei D.Fernando e seus filhos D.Pedro e D. Luiz foram
               visitar  o theatro  em  obras,tal  era o interesse que  por  elle tomavam.  A sociedade  artistica obteve  ainda do
               Banco de Portugal um credito de 5:000$0000 réis.
                     Concluídas as obras no prazo marcado, em que os artistasderam espectáculo no Porto e outras terras
               para obterem os  meios de  subsistência, fez-se a  inauguração  do  novo Theatro  do Gymnasio a 18  de
               novembro de1852 com a comedia em 3 actos, original de Mendes Leal Júnior, O tio André que vem do Brasil e
               as comedias em 1  acto:  O homem das botas,  original de Braz Martins  e  o Misantropo imitação  de  Paulo
               Midosi.
                     No final dos annuncios do espectáculo,lia-se o seguinte: «Os camarotes acham-se forrados d'um papel
               ordinário provisoriamente, por não ter chegado ainda o que se escolheu e encommendou.
                     Os sócios do Gymnasio n'esse momento eram: Taborda, Pereira, Moniz,Braz Martins, Areias, Romão,
               Marques,Ramos, Assumpção,  Emília Cândida. Joaquina,o Rocha scenographo, o  Manuel  Machado,fiscal e
               Izidoro Lima, camaroteiro e thesoureiro.Eram escripturados os artistas: Abreu,César de Lima, Joaquim Moniz,
               Santos,Margarida   Lopes,   Emília  Letroublon,  Maria   José  Noronha,   Ludovina,  Magdalena    e
               outrosinsignificantes. O ponto era o Fidanza.Os directores da scena eram: Taborda, Moniz e Manuel Machado.
                     Os preços do theatro eram os seguintes: camarotes de 1ª ordem,1$920; 2ª ordem, 1$440; 3ª ordem,960
               réis; plateia superior, 320; geral, 240; varandas, 160 réis.» in: “Diccionario do Theatro Portuguez” de Sousa
               Bastos (1908).































                     Em 1908 o “Theatro do Gymnasio” já era propriedade do cantor português Francisco de Andrade.

                     Em 5 de Novembro de 1921 o “Theatro do Gymnasio” é totalmente consumido por um violento incêndio.
               Decidida de imediato a sua reconstrução pelo empresário Luiz Galhardo, a mesma vai ficar a dever-se ao


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