Page 48 - Teatros de Lisboa
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Teatro Nacional D. Maria II


                     Entre 1836, data da criação legal do Teatro Nacional, e 1846, o já existente e degradado “Teatro da Rua
               dos Condes”   funcionou desde 1765 como provisório  Teatro Nacional  função  que dividia com o  “Teatro do
               Salitre”. O seu público eram as classes médias e baixas da sociedade portuguesa e, em 1837, o  Padre José
               Agostinho de Macedo falava no «denso e fedorento vapor de sebo e azeite de peixe (...) vai o pingado pano
               acima, em que eternas teias de aranha formam ou barambases ou bambolinas». Já William Beckford, viajante
               inglês que viveu algum tempo em Portugal (1797) afirmara que o “Teatro da Rua dos Condes" «era baixo e
               estreito, o palco uma pequena galeria e os actores, pois não há actrizes abaixo de toda a crítica». O Condes,
               para o inglês, era «mais tolerável do que o Salitre, mas mesmo assim bastante pobre». in: O Inferno

                     Por vicissitudes políticas, somente em 1840, com Garrett já deputado, se renovaria a ideia do teatro.
               Cria-se uma comissão promotora da construção do  edifício,  escolhendo-se o local do antigo  “Palácio dos
               Estaús”, ao Rossio. Abre-se um concurso internacional, cujo júri recusa os seis projetos apresentados. Fora de
               prazo surge um projeto de ótima qualidade, de Fortunato Lodi, contestado por Garrett e Herculano, que não
               viam com bons olhos a intervenção dum artista estrangeiro. Graças ao Conde de Farrobo, cunhado de Lodi, o
               projeto vence com a aprovação do governo e as obras iniciam-se em 1842.

                     Integrado nas festividades do 27º aniversário da Rainha Dona Maria II ( de seu nome completo: Maria
               da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela  Rafaela
               Gonzaga de Bragança ), filha do Rei D. Pedro IV (Imperador do Brasil como D. Pedro I), o teatro inaugura em
               13 de  Abril de 1846 com a peça de Álvaro Gonçalves,  «O  Magriço e  os Doze de Inglaterra»,  um original
               oferecido por Jacinto Heliodoro de Faria Aguiar de Loureiro. O aniversário da Rainha D. Maria II era a 4 de
               Abril, mas como este dia coincidia com as festas da semana santa, os festejos foram adiados para o dia 13.




































                                       Primitiva sala de espectáculos antes do incêndio de 1964

                     Toda a fachada e frontão foram modelados e esculpidos pelo insigne discípulo de Machado de Castro,
               Francisco Assis Rodrigues, este em colaboração com António Manuel da Fonseca, ambos professores da
               Academia de  Belas Artes.  A fachada principal do edifício sugere  um templo grego, sendo guarnecida  dum
               nobre peristilo neoclássico sustentado por seis grandes colunas jónicas que haviam pertencido à fachada da
               desaparecida igreja de S. Francisco da Cidade, e o seu frontão que ostentava o Escudo Real foi substituído


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