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algo rotineiro, se entre a Umbanda e o Kardecismo existem também

                  crenças em encarnação e na teoria do  Karma  (que vem da  Índia),
                  há  igualmente  diferenças  entre todas essas formas, já que na

                  Umbanda  o  contato  é  muito mais com os deuses do que com os

                  espíritos  desencarnados dos mortos. Por outro lado, o Espiritismo

                  considera-se codificado, ao passo que a Umbanda é uma religião sem
                  codificação e com uma teologia aberta a muitas variações.

                         Mas, apesar de todas essas diferenças, a variedade é limitada,

                  porque essas formas mais diversas coexistem tendo como ponto focal

                  a idéia de relação e a possibilidade de comunicação entre homens
                  e deuses, homens e espíritos, homens e ancestrais. Ou seja: em todas

                  as formas de religiosidade brasileiras, há uma enorme e densa ênfase

                  na  relação  entre  este mundo e o outro, de modo que a

                  domesticação da morte e do tempo é elemento fundamental em

                  todas essas variedades ou jeitos de se chegar a Deus.
                         Por outro lado, a forma pela qual essa comunicação se realiza

                  é sempre através de um elo pessoal. Nós, brasileiros, temos intimidade

                  com certos santos que são nossos protetores  e  padroeiros,  nossos
                  santos patrões; do mesmo modo que temos como guias certos orixás

                  ou espíritos do além, que são nossos protetores. A relação pode ter

                  forma diferenciada, mas a sua lógica estrutural é a mesma. Em todos

                  os casos, a relação existe e é pessoal, isto é, fundada na simpatia e na

                  lealdade dos representantes deste mundo e do outro. Somos fiéis
                  devotos de santos e também cavalos de santo de orixás, e com cada

                  um deles nos entendemos muito bem pela linguagem  direta  da

                  patronagem ou do patrocínio místico — por meio  de  preces,

                  promessas, oferendas, despachos, súplicas  e obrigações  que, a
                  despeito de diferenças aparentes, constituem uma linguagem ou

                  código de comunicação com o  além  que é obviamente comum e

                  brasileira.

                         Do mesmo modo que temos pais, padrinhos e patrões, temos
                  também entidades sobrenaturais que nos protegem. E elas podem ser
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