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(ou ela) também se obrigue a resolver meu problema,  atendendo

                  cortesmente a minha súplica.
                         Tudo indica que o santo atende melhor e reconhece mais

                  claramente o esforço dos mortais quando o pedido se faz de modo

                  solene e respeitoso, com algum formalismo. As rezas e os  pedidos,

                  assim, “sobem” melhor quando há um sinal visível de comunicação
                  com o alto; algo que cristalize essa ligação, como a fumaça do

                  incenso ou as luzes das velas queimando...

                         Mas por que se fala com Deus? As respostas são muito variadas.

                  Um fator sociológico básico, porém, é que existe a  necessidade de
                  construir esse grande espelho a que  chamamos  religião para dar a

                  todos e a cada um de nós um  sentimento de comunhão com o

                  universo como um todo. A religião, assim, seria um modo de permitir

                  uma  relação  globalizada  não  só com os deuses, mas também com

                  todos os homens e com os seres  vivos que formam o nosso mundo.
                  Também pensamos na religião como um meio de explicação para

                  os  infortúnios  — as coincidências negativas (como acidentes e

                  doenças) —, pois a religião pode explicar por que uma pessoa ligada
                  a nós ficou doente, sofreu um acidente fatal ou é vítima indefesa e

                  gratuita de desesperadora aflição. A religião, nesse sentido,

                  apresentaria a possibilidade de resgatar a  indiferença do  mundo,  e

                  das coisas do mundo, relativamente à nossa consciência  e  à  sua

                  necessidade de dar um sentido preciso a tudo, ordenando a vida e as
                  relações entre as coisas da vida. Falamos também de religião quando

                  estamos pensando no modo pelo qual a sociedade precisa legitimar

                  ou justificar a sua organização, a sua maneira de ser e os seus estilos

                  de  fazer. Assim, a religião pode explicar também por que existem
                  ricos e pobres, fortes e fracos, doentes e sãos, dando sentido pleno às

                  diferenciações de poder que percebemos como parte do nosso

                  mundo social. Assim como há uma diferenciação no Céu,  haveria

                  também uma diferenciação na terra, muito embora, aos olhos do
                  Criador, todos sejam singulares e amados igualmente. Nesse sentido,
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