Page 716 - ANAIS ENESF 2018
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Evento Integrado
Seminário Preparatório da Abrasco - 25 Anos da ESF
Título
Programa Saúde na Escola (PSE): Diálogos e Práticas Curriculares
Autores
PRINC APRES CPF Nome Instituição
x x 006.923.043-98 Patrícia de Lemos Negreiros Secretaria Municipal da Saúde de Senador Pompeu
210.654.113-91 José Ernandi Mendes Universidade Estadual do Ceará UECE
Resumo
O presente trabalho é resultado da Dissertação de Mestrado que se propôs a analisar o Programa Saúde na Escola (PSE) como Política
Pública em Educação e Saúde, considerando seus aspectos macro e micropolíticos e suas relações com a organização curricular
e prática de trabalho dos professores e profissionais da saúde. Optou-se pela pesquisa qualitativa que utilizou de entrevistas semi-
estruturadas, análise documental e observação direta. A pesquisa teve como aparato metodológico a "Abordagem ao Ciclo de
Políticas" de Stephen Ball, que se direciona ao estudo de políticas públicas sociais, em que pesem, educação e saúde. A
pesquisa foi desenvolvida entre os anos de 2016 e 2017 numa Escola Pública de ensino fundamental, localizada no município de
Quixeramobim - Ceará. O estudo revela fragilidade na operacionalização do PSE, nos três contextos de análise do "Ciclo de Políticas".
No Contexto da "Influência", são notórias as ideologias do sistema capitalista e as concepções neoliberais presentes. No percurso
histórico-social analisado, a saúde foi vista como prioridade, quando sua ausência ameaçava as elites e os grandes grupos
hegemônicos, detentores do poder. Este aspecto foi importante para o surgimento dos conceitos de promoção da saúde associados à
educação e para a conseguente criação do PSE. No contexto da "Produção do Texto" foi evidenciado que os Professores não conheciam o
PSE como Política Pública interministerial, ao negarem o conhecimento e acesso aos textos políticos. Após análise do Decreto
6.286/07 que institui o PSE os Professores revelam desconhecer termos técnicos em saúde apresentados no decorrer do texto e não
se veem como vozes presentes, nele. No contexto da "Prática", os professores percebem paradoxos entre os documentos oficiais e a
realidade que se faz presente na Escola, território de trabalho dos mesmos. Os profissionais da saúde em alguns aspectos revelam-se
despreparados e sobrecarregados para a operacionalização do Programa. Conclui-se que o quantitativo informado como critério
para avaliação do PSE, não reflete o cotidiano vivenciado no território escolar, nem tão pouco os objetivos do Programa, no que se refere
aos aspectos qualitativos de transformação social e emancipação humana dos estudantes, sendo também, em alguns aspectos alienantes
para os profissionais da saúde, responsáveis pela operacionalização do Programa Saúde na Escola.