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40 | Filosofia como Remédio para a Solidão
experiencia a vivência do sentir-se sozinho, sem cone-
xão afetiva com os outros, num estado de inteiro aban-
dono e desamparo, entregue a uma reação emocional
de insatisfação e de alheamento em relação aos demais
seres humanos, onde não existe aproximação psicoló-
gica ou investimento pulsional afetivo.
É neste estado de completo desinteresse por si e
pelos objetos do mundo que o sujeito corre o risco de
mergulhar numa viagem sem retorno, rumo ao interior
de uma bolha emocional depressiva. Neste caso, a so-
lidão associada à depressão configura um quadro etio-
lógico de adoecimento em que tanto é causa como con-
sequência, origem e sintoma ao mesmo tempo. Neste
estado de ânimo, o sujeito é engolido pelo espectro do
desespero, envolvido pelo manto opressor e disforme
da apatia. Este é o momento desejado da morte, onde
o suicídio pode assumir a representação de uma vivên-
cia sem sentido, uma realidade existencial sem densi-
dade psicológica e justificação metafísica. É o mo-
mento final onde a impossibilidade do resgate torna-se
impossível e indesejada, pois não há mais ninguém
para resgatá-lo deste ambiente doentio, cujo foco se
acha impregnado de uma tonalidade cinza marcada por
tristeza e sofrimento atrozes.