Page 37 - LIVRO - FILOSOFIA COMO REMÉDIO PARA A SOLIDÃO - PUBLICAR
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Djason B. Della Cunha | 37
viver é viver sem tempo. É aqui que a experiência do
tédio e da angústia se aniquila, quando tempo e sujeito
se fundem num processo simultâneo de significações.
Percebe-se que de um ponto de vista teórico, a so-
lidão aglutina em torno de si algo convidativo que en-
canta a vida humana e chega até mesmo a representar
um espaço de conforto, um refúgio terno de possibili-
dade de crescimento pessoal. Porém, do ponto de vista
prático, a solidão é percebida como algo torturante,
que desestabiliza o sujeito e acarreta sentimento de
culpa e angústia neuróticas com a consequente forma-
ção de sintomas.
A solidão neurótica, além de ser a principal fonte
de ansiedade, atua no sentido de separar o neurótico da
convivência com os outros homens, na medida em que
o sentimento de culpa passa a ser a frequência mental
do neurótico e este, ao julgar-se responsável por sua
neurose, toma a culpa como fonte justificadora do seu
afastamento e do seu sofrimento. Pelo fato de funcio-
nar como um mecanismo de defesa, a solidão neurótica
é vida como algo desesperador, nutrida que é pela ex-
periência da separação. Neste sentido, afirma Erich
Fromm: “A experiência da separação desperta ansie-
dade; é, de fato, a fonte de toda a ansiedade. Ser sepa-
rado significa ser cortado, sem qualquer possibilidade
de usar poderes humanos. Eis porque ser separado é o
mesmo que ser desamparado, incapaz de apreender o
mundo, as coisas e as pessoas, de modo ativo; significa
que o mundo nos pode invadir sem que tenhamos con-
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dições de reagir” .
3 . FROMM, Erich. A Arte de Amar. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976, p. 28.