Page 39 - LIVRO - FILOSOFIA COMO REMÉDIO PARA A SOLIDÃO - PUBLICAR
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Djason B. Della Cunha | 39
processo de tomada de consciência de si, torna-se autor
de seu próprio destino, capaz de compreender a atitude
pela qual se dará a salvaguarda de sua própria circuns-
tância e, consequentemente, do Eu próprio. Dir-se-ia
que a solidão-solitude é um estado análogo à chamada
“felicidade da quietude”.
Mas, é preciso deixar bem claro que a solidão não
se confunde com isolamento social. O isolamento so-
cial pode envolver apenas a separação do outro no
plano físico ou geográfico, ao passo que a solidão é um
estado que, pelo fato do sujeito experienciar sentimen-
tos carregados de intensa comoção existencial, pressu-
põe isolamento psicológico. Em alguns casos, o isola-
mento social pode desencadear a solidão; em outros, a
solidão pode ocorrer sem o isolamento social. O que se
ressalta é que o isolamento social depende da condição
de se estar só, tem caráter eminentemente relacional.
A solidão, propriamente negativa, é o estado de sentir-
se só e se caracteriza por uma experiência essencial-
mente vivencial.
Do ponto de vista do isolamento social, a relação
humana é truncada, em que o “bem-estar” do sujeito
vai depender quase sempre da presença do outro, do
espelho do outro, da expectativa do outro. Na solidão
criativa, o contexto do sujeito é a referência a si
mesmo, cuja experiência vivencial pode ser energizada
em direção à mudança, uma escolha de si mesmo num
processo lento e gradual de renascimento para a pró-
pria existência. Mas, que também, por ser uma solidão
deprimida, pode apresentar-se como vivência dramá-
tica, altamente desorganizativa, caótica, onde o sujeito