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32 | Filosofia como Remédio para a Solidão
Isto é o que se pode chamar de abandono moral. O
abandono moral tem consequências muito dolorosas
na vida de uma pessoa, devido à manifestação da ansi-
edade que acompanha a falta de sentido e com frequên-
cia produz com facilidade situações de amargura ou
mesmo uma sensação de inutilidade angustiante que
acontece a todos aqueles que não contam com uma
bússola ética capaz de orientá-los em suas demandas
mais interiores.
A história tem mostrado que a experiência moder-
nista está excessivamente marcada por atitudes de iso-
lamento e solidão. Basta consultar os registros históri-
cos sobre personagens importantes como Sören Kier-
kegaard, Shopenhauer, Nietzsche, Picasso e tantos ou-
tros que, mesmo diante de intenso processo de subli-
mação artística e filosófica, não escaparam de viven-
ciar uma existência extremamente angustiosa que teve
uma influência desorganizadora em suas funções psí-
quicas e orgânicas.
Do ponto de vista etimológico, o termo solidão, do
latim solus, que se desdobra em solipsismo (doutrina
filosófica que nomeia como argumento de sentido o
entendimento de que a única realidade do mundo é o
próprio Eu), diz respeito a uma situação existencial
onde ser só é algo inerente à condição humana, pois a
solidão é um constitutivo do ser. Portanto, ser só no
mundo é semelhante a ser único, a ser uno, por deter-
minação ontológica. Na realidade, a solidão ontológica
pode se apresentar como uma opção de contato com
este aspecto constitutivo do ser, uma expressão criativa
de nossa unicidade, é como acentua Schopenhauer:
“Solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”,
ou como afirma Pablo Picasso: “Não se pode fazer