Page 31 - LIVRO - FILOSOFIA COMO REMÉDIO PARA A SOLIDÃO - PUBLICAR
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Djason B. Della Cunha | 31

            direito de poder exercitar a faculdade de viver, ao seu
            modo, a soberania da solidão.

                Daí a exigência da intimidade e da configuração
            de uma vida privada, que motiva o indivíduo a exercer
            a soberania do seu estado de solidão, que só pode che-
            gar a ser exercida no mais completo abandono de si
            mesmo: “isolamento, incomunicabilidade e silêncio”.
            Daí a ideia de que somente aquele que se cala consegue
            atingir a soberania sobre si mesmo e ser autor de sua
            própria originalidade, uma vez que os atos de criação
            solitária são atos de uma pretensa soberania marcada
            por insatisfação e rebeldia.
                A  insatisfação  e  a rebeldia  trazem  consigo  uma
            reivindicação  sensibilizada,  matizada  por  uma  forte
            carga de suspeição e de afrontamento que julga tudo
            como injustiça. Essa amargura do espírito aviva conti-
            nuamente a queixa do sujeito e o estado de isolamento
            pode se constituir como um ato de indignação ante às
            condições consideradas vergonhosas de vida e de con-
            duta de outros indivíduos.
                Mas, esse tipo de reivindicação pode, quase sem-
            pre, conduzir à compaixão de si mesmo. Isto porque
            reivindicar pode tornar-se uma maneira de enumerar
            os próprios sofrimentos para despertar a compaixão de
            outras pessoas. Tudo leva a crer que o sentimento de
            piedade por si mesmo pode ser uma emoção extrema-
            mente  debilitante.  É  preciso  ser  honesto  consigo
            mesmo e desenvolver a compreensão de que uma tris-
            teza  exagerada  por  si  mesmo  pode  desencadear  um
            processo de enfermidade.
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