Page 10 - Nos_os_bichos
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Na manhã seguinte, acordou cedo e, sem a mãe perceber, foi logo a casa do sapo, o mais rápido que
                  conseguiu, pois este era a sua última esperança: o ratinho estava convencido de que o sapo lhe revelaria as
                  respostas para todas as suas perguntas.
                        Foi assim que Pedro se encontrou pela primeira vez com o sapo. Voltou a contar a sua história acerca

                  da chave misteriosa e o sapo pareceu bastante contente. Curioso, Pedro interrogou-o acerca do motivo da sua
                  felicidade e o Sr. Fernandes explicou-lhe que andava há muito tempo à procura dessa chave, pois o seu pai
                  tinha-a vendido numa venda de garagem, e ele precisava muito dela para abrir um velho cofre de família. Tão
                  esclarecido quanto confuso, Pedro saiu dali a correr, deixando a chave em cima da mesa do velho sapo.

                        De regresso a casa, o ratinho pensou muito no que tinha acontecido e percebeu que, afinal, aquela chave
                  não tinha nada de misterioso. Era uma história simples. A chave tinha dono e ele tinha acabado de lha devolver.
                  E agora, o que faria da sua vida? Aquele mistério tinha-o ocupado por uns tempos e chegara até a pensar que
                  a sua vida iria sofrer grandes alterações por causa daquela chave que aparecera na sua vida com ar misterioso

                  e quase mágico. Dominado por esses pensamentos, chegou a casa, cansado e algo desiludido, como se tivesse
                  voltado ao ponto de partida.
                        Vendo-o assim triste e abatido, a sua mãe perguntou-lhe o que se passava e ele contou-lhe tudo,
                  revelando finalmente o motivo das suas longas ausências e a identidade do dono da tal chave que de mágica e

                  misteriosa não tinha afinal nada.
                        A mãe sorriu e, envolvendo-o num abraço, decidiu que aquele era o momento para também ela fazer
                  uma revelação ao seu filho Pedro. Foi então que lhe contou que já sabia de tudo ou, pelo menos, de quase tudo.
                  Vira no quarto de Pedro uns apontamentos e sabia que o filho andava a investigar pessoas com o apelido

                  “Fernandes”. Também ela as contactara para saber o que é que o filho andava a magicar. Foi apenas por essa
                  razão que ela deixou Pedro andar pelas ruas da cidade sozinho. O jovem sentiu-se contente por todo o trabalho
                  que a mãe teve, pois a sua relação nunca fora muito chegada; mas também desiludido pela chave não lhe servir
                  de nada.

                        No dia seguinte, Pedro foi para o parque onde ele costumava procurar evidências do sexto bairro com o
                  seu pai e, ao sentar-se no baloiço favorito de quando era criança, encontrou um bilhete que dizia:
                        “Querido Pedro, se estás a encontrar isto, é porque o meu trabalho foi concluído. Conseguiste enfrentar
                  todos os teus medos, andaste pela cidade sozinho, atravessaste estradas sozinho e interagiste com a sociedade

                  em geral. Estou muito orgulhoso de ti.”
                        Pedro percebeu logo que o sexto bairro nunca tinha existido verdadeiramente, mas que tinha sido assim
                  uma pequena jogada do seu pai para que perdesse os seus medos e se aventurasse pelo mundo, evoluindo
                  como pessoa.

                                                 Moral: Nunca devemos desistir de atingir os nossos objetivos. Para isso,
                                           temos que enfrentar os nossos medos e fobias, focando-nos sempre naquilo
                                           que pretendemos alcançar.
                                                                                             Beatriz Guerra





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