Page 33 - A CAPITAL FEDERAL
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Lola – Pois sacrifico-te o resto!... Queres que me desfaça de tudo quanto possuo, e que vá
                         viver contigo numa ilha deserta? ... Oh! bastam-me o teu amor e uma choupana! (Abraça-o.) Dá-me
                         um beijo! Dá-mo como um presente do céu! (Eusébio limpa a boca com o braço e beija-a .) Ah!
                         (Lola fecha os olhos e fica como num êxtase.)
                  Eusébio (À parte.) – Seu Eusébio tá perdido! (Dá-lhe outro beijo.)
                  Lola (Sem abrir os olhos. ) – Outro... outro beijo ainda... (Eusébio beija-a e ela afasta-se,
                         esfregando os olhos.) Oh! Não será isto um sonho?
                  Eusébio – Bom, madama, com sua licença: eu vou me embora...
                  Lola – Não; não consinto! Faço hoje anos e dou uma festa. A minha sala já está cheia de
                         convidados.
                  Eusébio – Ah! por isso é que, quando eu entrei, subia uns mascarado...
                  Lola – Sim; é um baile à fantasia. Precisas de um vestuário.
                  Eusébio – Que vestuário, madama?
                  Lola –Espera. Tudo se arranjará. (Vai à porta.) Lourenço!
                  Eusébio – Que vai fazê, madama?
                  Lola – Vais ver.



                                                            - Cena IV -
                                                                 Os mesmos, Lourenço

                  Lola  (A Lourenço que se apresenta muito respeitosamente.) – Vá com este senhor a uma casa de alugar
                  vestimentas à fantasia a fim de que ele se prepare para o baile.
                  Eusébio – Mas...
                  Lola (Súplice.) – Oh! Não me digas que não! ( A Lourenço.) Dê ordem ao porteiro para não deixar entrar o
                  Sr. Gouveia. Esse moço morreu para mim!
                  Lourenço (À parte.) – Que diabo disto será aquilo?
                  Lola (Baixo a Eusébio.) – Estás satisfeito? (Antes que ele responda.) Vou preparar-me também. Até logo! (Sai
                  pela direita.)

                                                       -   Cena V –
                                                                               Eusébio, Lourenço
                  Eusébio (Consigo.) – Sim, sinhô; isto é o que se chama vi buscá lã e saí tosquiado! – Se
                         Dona Fortunata soubesse... (Dando com o Lourenço.) Vamos lá, seu... cumo o sinhô se chama?
                  Lourenço – Lourenço, para servir a V.Exa.
                  Eusébio – Vamos lá, seu Lourenço... (Sem arredar pé de onde está.) Isto é o diabo!
                         Enfim!... Mas que espanhola danada! (Encaminha-se para a porta e faz lugar para
                         Lourenço passar.) Faz favô!
                  Lourenço (Inclinando-se.) – Oh! Meu senhor... isso nunca... eu, um cocheiro!... Então. Por
                         obséquio!
                  Eusébio – Passe, seu Lourenço, passe, que o sinhô é de casa e está fardado! (Lourenço
                         passa e Eusébio acompanha-o . Mutação.)


                                                     Quadro VII
                                       (Rico salão de baile profusamente iluminado)

                                                       -   Cena I –
                                                           Rodrigues, Dolores, Mercedes, Blanchette, convidados
                                                                           (Estão todos vestidos à fantasia)


                                                            Coro
                                Que lindo baile! Que bela festa!
                                Luzes e flores em profusão!
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