Page 43 - A CAPITAL FEDERAL
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Ninguém canse
No cancã,
Pois quem se acha aqui presente
Tudo é gente
Folgazã!
Coro
Sim! Dancemos! – tudo dance!
Ninguém canse
No cancã,
Pois quem se acha aqui presente
Tudo é gente
Folgazã!
(Cancã desenfreado em volta da mesa.)
Ato III
Quadro VIII
A saleta de Lola
- Cena I –
Eusébio, Lola
(Eusébio, ridiculamente vestido à moda, prepara um enorme cigarro mineiro. Lola, deitada no sofá, lê um
jornal e fuma.)
Eusébio – Isto tá o diabo! Não sei de Dona Fortunata... não sei de Quinota... não sei de
Juquinha... não sei de seu Gouveia... Não tenho corage de entrá em casa!... Se eu me
confessá, não encontro um padre que me absorva!... – Lola, Lola, que diabo de feitiço foi este?... tu
fez de mim o que tu bem quis!
Lola – Estás arrependido?
Eusébio – Não, arrependido, não tou, porque a coisa não se pode dizê que não seje oba...
Mas minha pobre muié deve está furiosa!... E então quando ela me vi assim, todo janota, co’esta
roupa de arfaiate francês, feito monsiú da Rua do Ouvidô... Oh! Lola! Lola! As muié é os tormento
dos home! ... (Local que se tem levantado e que tem ido, um tanto inquieta, até à porta da esquerda,
volta ao proscênio e vem encostar-se ao ombro de Eusébio.)
Lola - O tormento! Oh! Não...
Coplas
- I –
Meu caro amigo, esta vida
Sem a mulher nada vai!
É sopa desenxabida,
Sem uma pedra de sal!
Se a dor torna um homem triste,
Tem ele cura, se quer;
A própria dor não resiste
Aos beijos de uma mulher!
- II –