Page 40 - A CAPITAL FEDERAL
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Lola.)
Lola (À parte.) – É um bruto!
- Cena VII –
Lola, Eusébio
Eusébio – Este seu Lourenço é muito delicado. Arruma incelência na gente que é um
gosto!
Lola (Oferecendo-lhe uma taça de ponche.) – À nossa saúde!
Eusébio – Bebida de fogo? Não! Não é o fio de meu pai!...
Lola – Prova, que hás de gostar. (Eusébio prova.) Então, que tal? (Ele bebe toda a taça.)
Eusébio – Home, é muito bão! Cumo chama isto?
Lola – Ponche.
Eusébio – Isto não faz má? Eu não tenho cabeça forte!
Lola – Podes beber sem receio.
Eusébio – Então, à nossa, pra que Deus nos livre de alguma coisa! (Bebe.)
Lola – Dize... dize que hás de ser meu... dá-me a esperança de ser um dia amada por ti!...
Eusébio – Eu já gosto de madama cumo quê!
Lola – Não digas a madama. Trata-me por tu.
Eusébio – Não me ajeito... pode sê que despois...
Lola – Depois do quê?
Eusébio (Com riso tolo e malicioso.) – Ah! ah!
Lola (Dando-lhe outra taça.) – Bebe!
Eusébio – Ainda?
Lola – Esgotemos juntos esta taça! (Bebe um gole e dá a taça a Eusébio.)
Eusébio – Vou sabê dos teus segredo. (Bebe.)
Lola – E eu dos teus. (Bebe.) – Oh! O teu segredo é delicioso... tu gostas muito de mim...
da tua Lola... mas receias que eu não seja sincera... tens medo de que eu te engane...
Eusébio (Indo a dar um passo e cambaleando.) – Minha Nossa Senhora! Eu tou fora de
mim! Parece que tou sonhando! ... O tá ponche tem feitiço... mas é bão... é muito bão!... Quero
mais!
Dueto
Lola
Dize mais uma vez! Dize que me amas!
Eusébio
Eu já disse e arrepito!
Lola
O coração me inflama!
Vem aos meus braços! Vem!
Assim como eu te amo, ai! Nunca amei ninguém!
Se deste afeto duvidas,
Se me imaginas perjura,
Com essas mãos homicidas
Me cavas a sepultura!
Será o golpe certeiro,
A morte será horrenda!
Tu és o meu fazendeiro!
E eu sou a tua fazenda!
Eusébio
Se é moda a bebedeira, tou na moda,
Pois vejo toda a casa andando à roda!