Page 63 - A CAPITAL FEDERAL
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Fortunata – Tá i?
                  Juquinha – Eu encontrei ele ali no canto e ele me disse que viesse vê se va’mecê tava
                         zangada, que se tivesse, ele não entrava.
                  Fortunata – Oh! Aquele home, aquele home o que merecia! Vai, vai dizê a ele que não tô
                         zangada!
                  Juquinha – Seu Gouveia tá junto co ele.
                  Fortunata – Bem! Venha todos dois. (Juca sai correndo.)  Quinota, Quinota!
                  A voz de Quinota – Senhora?
                  Fortunata – Vem cá, minha fia. – Eu não ganho nada me consumindo. Já tou véia; não
                         quero me amofiná. (Entra Quinota.) – Quinota, teu pai vem aí... mas o que está arresolvido está:
                         amenhã de menhã vamo embora.
                  Quinota – E seu Gouveia?
                  Fortunata – Também vem aí.
                  Quinota (Contente.) – Ah!
                  Fortunata – Não quero mais ficá numa terra onde os marido passa dias e noite fora de
                         casa...

                                                       -   Cena II –
                                       Fortunata, Quinota, Juquinha, Eusébio, depois Gouveia
                  Juquinha (Entrando.) – Tá i papai!
                  Eusébio (Da porta.) – Posso entrá? Não temo briga?
                  Quinota – Estando eu aqui, não há disso!
                  Fortunata – Sim, minha fia, tu é o anjo da paz.
                  Quinota  (Tomando o pai pela mão.) – Venha cá. (Tomando Fortunata pela mão.) Vamos!
                         Abracem-se!...
                  Fortunata (Abraçando-o .) – Diabo de home, véio sem juízo!
                  Eusébio – Foi uma maluquice que me deu! Raie, raie, Dona Fortunata!
                  Fortunata – Pai de fia casadeira!
                  Eusébio – Tá bom! Tá bom! Juro que nunca mais! Mas deixe le dizê...
                  Fortunata – Não! não diga nada! Não se defenda! É mió que as coisa fique como está.
                  Juquinha – Seu Gouveia tá no corredô.
                  Quinota – Ah! (Vai buscar Gouveia pela mão. Gouveia entra manquejando.)
                  Eusébio – Assim é que o sinhô me apadrinhou?
                  Gouveia – Deixe-me! Estes sapatos novos fazem-me ver estrelas.
                  Fortunata – Seu Gouveia, le participo que amenhã de menhã tamo de viagem.
                  Eusébio – Já conversei co ele.
                  Gouveia (A Quinota.) – Eu abri-me.
                  Eusébio – Ele vai coa gente. Não tem que fazê aqui. Tá na pindaíba, mas é o memo. Casa
                         com Quinota e fica sendo meu sócio na fazenda.
                  Quinota – Ah! Papai! Quanto lhe agradeço!
                  Juquinha – A Benvinda tá i.
                  Todos – A Benvinda!
                  Fortunata – Não quero vê ela! Não quero vê ela!

                  (Quinota vai buscar Benvinda, que entra a chorar,  vestida como no 1º quadro, e ajoelha-se aos pés de
                  Fortunata.. )


                                                       -   Cena III –
                                                       Os mesmos, Benvinda

                  Benvinda – Tô muito arrependida! Não valeu a pena!
                  Fortunata – Rua, sua desavergonhada!
                  Eusébio – Tenha pena da mulata.
                  Fortunata – Rua!
                  Quinota – Mamãe, lembre-se de que eu mamei o mesmo leite que ela.
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