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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
mercado de colecionadores, o estado de conservação delas e o valor no mercado. Por ser recente, a
cédula de 10 reais seria desconsiderada, talvez, pelos estudiosos; resta a cédula anterior, cujo valor atual
seria discutido entre os colecionadores.
As cédulas adquirem outro sentido para historiadores ou linguistas. A cédula como documento
histórico reflete dois momentos do país. Na cédula de 1932, há a expressão “Pró-Constitução”, que leva
os historiadores a relacioná-la à Revolução Constitucionalista, ocorrida durante o governo de Getúlio
Vargas em 9 de julho do mesmo ano. A cédula demonstra tanto a mudança no país com a Constituição
(re)criada, quanto a aceitação dessa mudança por parte de um grupo sociopolítico. Na cédula de 2000,
por sua vez, os historiadores podem verificar que serviu para comemorar o aniversário do descobrimento
do Brasil. Ela, assim, reflete um posicionamento ideológico e político, porque mostra o país a partir do
colonizador, desconsiderando o povo indígena e sua história, ou seja, é como se o país passasse a existir
apenas com a presença dos colonizadores. Nesse sentido, ambas as cédulas exemplificadas reforçam
a história dos heróis, das grandes personalidades do país, não atendendo à concepção crítica atual
de que podemos também tratar sobre pessoas comuns. Afinal, nas duas cédulas, há retrato de duas
personalidades: Domingos Jorge Velho, bandeirante, explorador do país e caçador e matador de índios;
Pedro Álvares Cabral, considerado símbolo do descobrimento do Brasil, fato que deu início à dizimação
indígena.
Saiba mais
A história tradicional, ou história vista de cima, interpreta a história
por meio de grandes fatos ou personalidades de destaque do país.
Diferentemente desse paradigma, a nova história, ou história vista de baixo,
preocupa-se com as pessoas comuns e fatos ocorridos com a colaboração
do povo. Para saber mais, indico a obra A escrita da história, de Peter Burke,
em especial o capítulo A história vista de baixo.
BURKE, P(Org.). A escrita da história. São Paulo: UNESP, 1992.
Para fechar nossos exemplos, falaremos sobre charge.
Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por
meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais
personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ou
seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco.
Muito utilizadas em críticas políticas no Brasil. Apesar de ser confundido com Revisão: Leandro - Diagramação: Léo - 14/07/2011
cartoon (ou cartum), que é uma palavra de origem inglesa, é considerado
como algo totalmente diferente, pois ao contrário da charge, que sempre é
uma crítica contundente, o cartoon retrata situações mais corriqueiras do
dia a dia da sociedade. Mais do que um simples desenho, a charge é uma
crítica político-social onde o artista expressa graficamente sua visão sobre
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