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Vidas de Rio e de Mar: Pesca, Desenvolvimentismo e Ambientalização

               grupos sociais que foram atingidos de modo direto por essa tragédia am-
               biental, tendo como suporte de comunicação a produção audiovisual do-
               cumental compartilhada em rede. Para tanto, apresenta uma breve aná-
               lise de um conjunto de vídeos disponibilizados no YouTube, produzidos
               a partir de 2015 e que tratam de um tema específico: as consequências
               ambientais, sociais e culturais geradas pelo rompimento das barragens
               da mineradora Samarco em Mariana (MG) em novembro de 2015, tendo
               como foco a maneira como esse desastre afetou as comunidades situadas
               às margens do Rio Doce.
               Embora diversas reportagens televisivas tenham registrado as conse-
               quências dessa tragédia, estando também disponíveis no YouTube, do-
               cumentários produzidos por canais de TV não integram o conjunto de
               produtos examinados.  A etapa de seleção das obras consistiu em bus-
               ca feita a partir de palavras-chave, tags e também a partir de sites espe-
               cíficos dedicados ao documentário e aos temas abordados na pesquisa.
               Como já apontado, o uso das palavras-chave – como “Rio Doce”, “lama”
               e “Samarco” – no sistema de busca do YouTube foi o dispositivo inicial
               para a localização desses vídeos na rede. Em seguida, dentre os materiais
               audiovisuais encontrados, selecionou-se aqueles que reuniam as seguin-
               tes características: a) tratarem de temas relativos ao “desastre da lama da
               Samarco” e o modo como isso afetou comunidades localizadas ao longo
               do Rio Doce, que no caso são representativas de grupos que de alguma
               forma sofrem “ameaças” e perdas de caráter territorial, comunidades tra-
               dicionais e periféricas afetadas por grandes empreendimentos econômi-
               cos (tais como barragens, desastres ambientais etc.); b) apresentarem-se
               sob a forma de documentários; c) terem sido produzidos a partir de 2015.
               A seleção dos produtos estudados não teve como critério a quantidade de
               visualizações, mas, sim, sua relevância do ponto de vista formal (recursos
               audiovisuais e dispositivos narrativos) e seu conteúdo. Também foram
               priorizadas produções independentes, ou seja, não vinculadas a grandes
               empresas de mídia (como, por exemplo, reportagens feitas para a TV que
               são postadas no YouTube). O recorte temporal leva em consideração o
               fato de que, no Brasil, o ano de 2015 é marcado por dois eventos críticos
               que desencadearam um acirramento das disputas discursivas no campo
               político e social nos meios de comunicação em geral, mas em especial na
               Internet e nas redes sociais on-line: o início do processo de impeachment




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