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Vidas de Rio e de Mar: Pesca, Desenvolvimentismo e Ambientalização
da área se encontram importantes pontos de pesca para as comunidades
artesanais vizinhas; e, por fim, existe uma forte presença de grandes em-
presas próximas e até mesmo dentro da área proposta para zona de amor-
tecimento. O primeiro ponto mostra que uma unidade de conservação era
necessária na região; contudo, a categoria que havia sido escolhida, a de
Parque Nacional, não se harmonizava com as atividades antrópicas pre-
sentes (IBAMA, 2006). Outro ponto relevante que inviabilizou a proposta
do parque, segundo o relatório do IBAMA (2006), é que a maior parte da
área se situa em mar aberto e as condições de transparência da água não
favorecem o turismo de mergulho, o que acaba sendo um ponto forte de
outros PARNA’s Marinhos, como o de Fernando de Noronha e Abrolhos.
Portanto, iniciou-se um processo de busca por outra categoria, ou catego-
rias, de UC que atendesse às demandas da localidade, e a proposta mais
viável era a de uma Área de Proteção Ambiental (APA) e de um Refúgio de
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Vida Silvestre (REVIS). Em entrevista concedida pelos gestores das UC’s ,
um deles contou que “[...] viu-se que com o Parque Nacional realmente ia
ser bastante complexo, porque Parque Nacional você não pode ter nenhu-
ma atividade extrativa [...], só mesmo atividades de uso indireto, turismo,
visitação, pesquisa”. Então, a segunda proposta de área protegida foi divi-
dir o território em duas unidades, o REVIS de Santa Cruz e a APA Costa
das Algas. Esta última era o modelo mais defendido pelas comunidades
pesqueiras, além da categoria de Reserva Extrativista (SANTOS, 2007).
O objetivo da escolha das duas categorias era atender tanto os anseios
por uma proteção integral da área de fundo marinho quanto por um uso
sustentável dos recursos naturais, de acordo com os gestores do ICMBio.
A escolha dessas categorias considerou alguns elementos importantes,
como: a prioridade de se conservar a região marinha e costeira entre o
litoral norte da Serra e Barra do Riacho; a importância da região para as
atividades pesqueiras de pequena escala e de subsistência; a valorização
do uso turístico da região; a presença de polos industriais e portuários e
sua “importância econômica e estratégica” (IBAMA, 2006, s.p.).
Em relação à criação do Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz, uma UC
de uso integral se justificou:
2 Entrevista realizada pelo GEPPEDES, em agosto de 2016.
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