Page 10 - Relatorio de segurança_Assembleia_-
P. 10

mil. O governo do Estado já avançou com a criação de centros de triagens,
               mas o problema ainda precisa ser combatido, como se verá no relatório que
               segue.
                      A falta de vagas  gera uma  série de  problemas relacionados às
               condições subumanas a que os presos são submetidos, violando claramente
               os Direitos Humanos,  além da divisão por facções  e a redução da
               possibilidade de ressocialização. O juiz da Vara de Execuções Penais Sidinei
               Brzuska foi  um grande  colaborador e, em audiência pública,  ressaltou que  a
               separação por facções ocorre principalmente porque o Estado não tem condições
               de  garantir  a  segurança dos próprios detentos, o que acaba fortalecendo  as
               organizações criminosas.
                      Em fevereiro, por exemplo, um destes grupos organizados dentro das
               cadeias quase conseguiu realizar uma fuga em massa do Presídio Central. A
               Polícia Civil, entretanto, descobriu a tempo um túnel de pelo menos 50 metros que
               estava sendo construído para que de 200 a mil detentos escapassem. A estimativa
               é de que os criminosos tenham investido R$ 1 milhão na obra, demonstrando que,
               mais  do  que  força  de  comando,  as  organizações  têm  se  fortalecido
               financeiramente por meio de práticas ilícitas, muitas vezes comandadas de dentro
               das próprias cadeias.
                      Neste viés, a Comissão Especial realizou visitas técnicas às principais
               penitenciárias do Estado em que a superlotação foi constatada em algumas delas.
               Atualmente, na Região Metropolitana de Porto Alegre, a maioria dos presos está
               alocada  em galerias  abertas. Houve,  ainda, casos  de criminosos  que ficaram
               presos em delegacias e até mesmo em viaturas e na própria rua, em mais um
               claro sinal de que as vagas no sistema penitenciário estão aquém da necessidade.

                      Outro ponto nevrálgico  dos debates foi  a dificuldade  dos  municípios,
               especialmente  diante  da  falta  de  efetivo  das  polícias.  Os  relatos  de  prefeitos,
               lideranças e cidadãos durante as audiências públicas regionais evidenciaram que
               o sentimento de insegurança é crescente no Interior, exigindo cada vez mais a
               formação de  redes de cooperação  e  parcerias para  aparelhar melhor os
               municípios. A estruturação, aliada ao  trabalho  integrado entre as forças  de
               segurança, também inclui Porto Alegre, apontada em estudo do Instituto Igarapé,
               publicado pela revista britânica The Economist, como uma das 50 cidades com
               maior número de homicídios do mundo.




                                                                           10
   5   6   7   8   9   10   11   12   13   14   15