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isso traz incapacidade de gerir a segurança pública”, afirmou. Os
avanços da Constituição de 1988 foram benéficos na área da saúde e social,
mas cruéis para a Segurança Pública, “sem um sistema que nos
respalde”. Apontando para as divisões de competências, afirmou que os
municípios não se sentem aptos para desenvolverem ações voltadas ao
combate à criminalidade,
Mas, para De Luca, a interferência política nas polícias é o maior
fator prejudicial: “Quando politizamos trazemos para dentro disputas”,
resultando em divisões em todas as áreas policiais, “esquecendo que a
polícia protege a sociedade e não governos”.
Regina Filomena disse, ainda, que a falta de políticas de Estado
resulta na confusão entre as responsabilidades dos diversos atores da área
de segurança, a ponto de as pessoas identificarem somente a polícia como
responsável pela Segurança Pública – pois desconhecem a sequência da
justiça criminal, o papel de um promotor de Justiça ou de um Juiz. A falta de
efetivo em todos os Estados da federação coloca em dúvida o modelo criado.
A especialista elogiou a integração entre todos os agentes de segurança
durante a Copa do Mundo, a visita do Papa Francisco, a Copa das
Federações e outros eventos recentes no país. “Todos trabalharam em
conjunto e funcionou, mas no dia a dia volta a vaidade das
competições”.
Além da falta de investimento, as políticas sociais são outro fator que
leva ao caos: “Não temos isso articulado, não são todas as políticas
sociais que trazem resultado” e, seguindo, “temos 27 brasis e cinco
mil municípios, cada um com sua linha própria de criminalidade”.
Reiterou que o ambiente de disputas é prejudicial e lançou dúvidas sobre a o
sistema dual da polícia brasileira, pois as polícias não têm o ciclo completo
dentro de sua área de competência.
Por derradeiro, apontou para a necessidade de corregedorias
autônomas e independentes, e autonomia financeira, administrativa,
funcional e operacional para os órgãos de Segurança Pública, pois “sem
orçamento próprio não há como fazer política de estado”. “Sou
pessimista e, em 20 ou 30 anos, não veremos uma política de
Estado diferente do que vemos hoje”, encerrou, dando o exemplo do Rio
de Janeiro, onde os policiais recebem os salários com atraso.
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