Page 149 - Relatorio de segurança_Assembleia_-
P. 149

isso traz incapacidade de gerir a segurança pública”, afirmou. Os
               avanços da Constituição de 1988 foram benéficos na área da saúde e social,
               mas  cruéis  para  a  Segurança  Pública,  “sem um sistema que nos
               respalde”.  Apontando  para  as  divisões  de  competências, afirmou que  os
               municípios não  se sentem  aptos para  desenvolverem ações voltadas ao
               combate à criminalidade,
                      Mas, para De Luca, a interferência política nas polícias é o maior
               fator prejudicial: “Quando politizamos trazemos para dentro disputas”,
               resultando em divisões em todas as áreas policiais, “esquecendo que a
               polícia protege a sociedade e não governos”.
                      Regina Filomena disse, ainda, que a falta de políticas de Estado
               resulta na confusão entre as responsabilidades dos diversos atores da área
               de segurança, a ponto de as pessoas identificarem somente a polícia como
               responsável pela Segurança Pública – pois desconhecem a sequência da
               justiça criminal, o papel de um promotor de Justiça ou de um Juiz. A falta de
               efetivo em todos os Estados da federação coloca em dúvida o modelo criado.
               A  especialista  elogiou  a  integração  entre  todos  os  agentes  de  segurança
               durante  a  Copa  do  Mundo,  a  visita  do  Papa  Francisco,  a  Copa  das
               Federações e outros eventos recentes no país. “Todos trabalharam em
               conjunto  e  funcionou,  mas  no  dia  a  dia  volta  a  vaidade  das
               competições”.
                      Além da falta de investimento, as políticas sociais são outro fator que
               leva ao caos: “Não temos isso articulado, não são todas as políticas
               sociais que trazem resultado” e, seguindo, “temos 27 brasis e cinco
               mil municípios, cada um  com sua linha própria de criminalidade”.
               Reiterou que o ambiente de disputas é prejudicial e lançou dúvidas sobre a o
               sistema dual da polícia brasileira, pois as polícias não têm o ciclo completo
               dentro de sua área de competência.

                      Por derradeiro, apontou  para a necessidade  de corregedorias
               autônomas  e  independentes,  e  autonomia  financeira,  administrativa,
               funcional e operacional para os órgãos de Segurança Pública, pois “sem
               orçamento  próprio  não  há  como  fazer  política  de  estado”. “Sou
               pessimista e, em 20 ou  30 anos, não  veremos uma política de
               Estado diferente do que vemos hoje”, encerrou, dando o exemplo do Rio
               de Janeiro, onde os policiais recebem os salários com atraso.


                                                                          149
   144   145   146   147   148   149   150   151   152   153   154