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pela mídia sobre o tema e falou sobre o nascimento, a estrutura e o
funcionamento destes grupos que operam dentro e fora dos presídios.
Segundo ele, as organizações criminosas têm hierarquia rígida, previsão de
lucros, planejamento, divisão do trabalho e vínculo com o Estado por meio da
corrupção ou da influência política e social. Sobre as organizações criminosas
dentro dos presídios, afirmou que surgiram nos anos de 1970 a partir do
contato entre presos políticos e presos comuns dentro das cadeias. A
primeira delas foi a Falange Vermelha, que se dedicava a assaltos a bancos
e que acabou sendo substituída pelo Comando Vermelho.
O Primeiro Comando da Capital (PCC), maior organização criminosa
do Brasil, conforme Mingardi, foi fruto do massacre do Carandiru. A
organização, presente em 22 Estados, recrutou especialmente os conhecidos
como “presos do fundão”, população carcerária sem nenhum recurso. “O PCC
ganha adeptos não só pelo oferecimento de vantagens, mas pela
mística e pelo discurso contra a opressão carcerária”, revelou.
Ele afirmou ainda que Rio Grande do Sul e Bahia são os dois únicos
Estados brasileiros em que prevalecem grupos criminosos locais. No Rio
Grande, a disputa se dá, principalmente, entre os Bala na Cara e os Anti-
Bala. E, na Bahia, há grupos como Katiara, Comando da Paz e Bando do
Maluco.
O último painel da tarde, “A Participação Comunitária na
Segurança Pública”, abordou o caso do presídio feminino de Lajeado,
construído com recursos oriundos das penas alternativas aplicadas pelo
Poder Judiciário e da contribuição da sociedade local. O juiz de Direito, diretor
do Foro de Lajeado, Luís Antônio de Abreu Johnson, contou que, depois de
esperar pela ação do Estado por mais de três anos, a comunidade resolveu
arregaçar as mangas e buscar uma solução para a “situação degradante
de mulheres duplamente condenadas”, pois “Além de cumprir a pena
imposta pela Justiça, eram obrigadas a fazê-lo longe de suas
famílias”.
O presídio feminino, que custou cerca de R$ 900 mil, oferece cem
vagas e atende a dezessete municípios do Vale do Taquari. Além disso, é
dotado de estrutura que permite que as presas tenham aula, atendimento
médico e dentário. “Não construímos um presídio para ser um depósito
de mulheres. Nossa preocupação primeira é com a ressocialização,
que se dará pelo binômio educação/trabalho”, frisou.
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