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Da mesma forma, as organizações  sociais e  comunitárias que
               colaboram com as autoridades em favor das políticas públicas de segurança
               – como a Pastoral Carcerária e o Conselho da Comunidade – contribuem
               para reduzir a violência através da assistência da população vulnerável, que
               costuma constituir brecha institucional em muitos projetos públicos.

                      As visitas  técnicas nos mostraram  o óbvio: precisamos rever a
               situação prisional  do Estado, pois os problemas  estruturais do sistema
               prisional  gaúcho  –  como  a  superlotação,  as  péssimas  condições  de
               habitabilidade e higiene, a inexistência de programas capazes de reabilitar o
               apenado – têm contribuído para o avanço do crime organizado e a hegemonia
               das facções criminosas, ou seja, colaboram para o aumento dos índices de
               violência. O fato notório de que a Cadeia Pública de Porto Alegre identifica e
               separa os presos por facções indica claramente que o Estado está longe de
               exercer o controle efetivo sobre as unidades prisionais.

                      Mas também conseguimos ver uma luz no fim do túnel: a atuação
               integrada dos atores  vinculados à Segurança Pública e o Complexo
               Penitenciário de Canoas I. Aqui, com uma ação convergente entre o Poder
               Judiciário,  Ministério  Público,  Defensoria  Pública,  Superintendência  dos
               Serviços Penitenciários e Procuradoria-Geral do Estado, atinge-se um baixo
               percentual de reincidência  (apenas 4%), demonstrando que  com a
               combinação de trabalho interinstitucional e investimento financeiro se pode,
               sim, reduzir a violência e a criminalidade.

                      A Comissão Especial, diante de tudo isso, revisitou as deficiências
               que atingem o locus da Segurança Pública, já tão conhecidas por todos, como
               a falta de efetivo de servidores, de viaturas e de equipamentos; o baixo índice
               de investimentos; os problemas estruturais do sistema prisional; e a ausência
               de programas de prevenção à violência e criminalidade.
                      Contudo, esta mesma Comissão Especial percebeu a importância
               de novas dinâmicas e novas práticas de atuação na prevenção e no combate
               à criminalidade, com a participação de todos os envolvidos na Segurança
               Pública, apostando-se no trabalho em parceria – incluindo-se, inclusive, o
               município e, consequentemente, a comunidade local (ou seja, o cidadão).

                      O que o Estado do Rio Grande do Sul necessita, no entendimento
               desta Comissão Especial, é a adoção de políticas públicas de segurança
               sustentadas  e  sustentáveis,  que  invistam  na  continuação  de  modelos
               integrados de policiamento que privilegiem a prevenção da criminalidade, a

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