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A necessidade de uma nova política prisional foi a tese defendida
               pela defensora pública Mariana Py Muniz Capellari, dirigente do Núcleo de
               Direitos  Humanos  da  Defensoria.  Ela  mostrou  os  números  do  sistema
               prisional, que aumentaram 400% nos últimos 20 anos e colocam o Brasil com
               a média de 300/100 mil presos/habitantes, quando a média mundial é de
               144/100 mil  presos/habitantes. O país ocupa a terceira posição em
               encarceramentos, são 711.463 presos, atrás apenas pelos Estados Unidos e
               China. Com os mais  de 373 mil mandados de prisão, a população carcerária
               saltaria para números superiores a um milhão de presos no país. Com esse
               perfil, a Anistia Internacional, em 2015, colocou o Brasil no topo dos países
               mais violentos do mundo. Soma-se ainda a sensação de impunidade diante
               de 85% dos homicídios que não são solucionados, a violência policial, os
               registros de tortura e a falência do sistema prisional, apontou a defensora
               pública. Falou da reincidência e condições das prisões, fazendo com que “de
               sete a cada dez presos voltam a praticar crimes”. Depois, destacou que
               contingente de presos provisórios é de 40%.
                      Fazendo uma análise regional, Capellari apresentou índices  das
               audiências  de  custódias:  “85% dos conduzidos permanecem
               encarcerados, indicador que supera a média nacional, que é de
               53%”. Sobre os crimes que mais ocasionam prisões apontou os dados do
               Presídio Central  de Porto Alegre,  onde, segundo Mariana Py, em  2016
               abrigava  4.700  presos,  sendo  2.378  por  tráfico  de  drogas.  Os  demais
               praticaram delitos como homicídios, latrocínio, furto, receptação.

                      Com apenas 4% de recursos para o sistema prisional, a ausência de
               vagas, a violência materializada na degradação moral, abuso e violação dos
               direitos dos internos e os massacres, como ocorridos no início deste ano no
               Rio  Grande  do  Norte  e  Maranhão,  viraram  rotina  nas  prisões  do  país.
               Observou que os problemas com superlotação de casas prisionais remontam
               tempos distantes: “Isso vem de longe, no século XIX a prisão clerical
               no Rio de Janeiro registrava superlotação”. E isto ocasiona com que o
               Estado perca o controle interno das prisões para as facções.

                      Encaminhando  para o encerramento, a defensora pública  foi
               enfática  ao  afirmar  que  “a  prisão  é  um  dos  principais  fatores  da
               criminalidade”. Por isso, anunciou a proposta de uma nova política prisional
               formulada por entidades e setores que atuam nessa área: A Frente Estadual
               por  uma  Nova  Política  Prisional  –  que  será  lançada dia 26  de maio, na


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