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Ao abordar as causas do excessivo número de homicídios que estão
               ocorrendo no Estado, o delegado de  Polícia destacou a  cidade de Porto
               Alegre como o principal centro de ocorrência dos homicídios. Isto porque, a
               Capital Gaúcha se tornou um verdadeiro palco de  guerra entre facções
               criminosas que comandam o crime organizado no Estado.

                      Diante disso,  o delegado de Polícia  apontou a necessidade de
               reestruturar o  sistema prisional, uma vez que  muitos homicídios são
               ordenados de dentro dos estabelecimentos prisionais.

                      A promotora de justiça do Tribunal do Júri, Dra. Lúcia Callegari, disse
               não acreditar na ressocialização do infrator e defendeu, como um dos fatores
               para a redução dos crimes de homicídios, o fim da progressão de regime
               prisional, já que, para ela, “a maioria dos nossos presos jamais vai se
               ressocializar”.

                      Ela propôs também  estabelecimentos prisionais  menores e a
               transferência dos líderes de facções criminosas para presídios federais como
               forma de contribuir para a diminuição  de  homicídios no Estado  e,
               principalmente, em Porto Alegre.
                      O promotor de justiça do Tribunal do Júri de Porto Alegre, Eugênio
               Amorim, afirmou estar o problema do aumento da criminalidade diretamente
               vinculado  à interpretação  dada às normas  jurídico-penais pelo Poder
               Judiciário. Nas palavras de Eugênio Amorim:

                                É chegada a hora de os senhores [juízes] passarem a
                                enfrentar  a  verdade  de  que  a  aplicação  da  lei  é
                                interpretação, e temos órgãos judiciários no Rio Grande
                                do Sul calamitosos na interpretação e aplicação da lei,
                                em  especial  a  Vara  de  Execuções  Penais  de  Porto
                                Alegre, que é responsável direta por esse aumento de
                                criminalidade


                      Ainda, Eugênio Amorim defendeu o entendimento de que o Estado
               deve prender mais e, por isso, chamou atenção para a urgente necessidade
               de construções de novas casas prisionais. Também, manifestando o mesmo
               entendimento de Lúcia Callegari, quanto à impossibilidade de ressocialização
               do apenado, foi direto ao afirmar “Desculpe-me, não existe ressocialização”


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