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destacou o papel importante e fundamental do setor de inteligência da Polícia
Federal para o combate aos crimes relacionados às regiões de fronteiras:
tráfico de drogas, de armas e de pessoas, contrabando e descaminho.
Farnei Franco Siqueira disse ainda que, por determinação do
Ministério da Justiça e da Segurança Pública e da Diretoria-Geral da Polícia
Federal, o combate à criminalidade organizada, em região de fronteira, tem
sido um dos objetivos principais da Polícia Federal nas últimas gestões – 50%
das operações realizadas pela Polícia Federal foram em regiões de fronteira
ou em matérias que tratam de crimes transnacionais.
A professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Adriana
Dorfmann, destacou os resultados de pesquisa científica realizada pelo
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núcleo de Estudos sobre Cidadania e Violência Urbana (NECVU/UFRS) ,
solicitada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da
Justiça e Segurança Pública (SENASP), com o objetivo de diagnosticar as
condições de segurança e criminalidade na faixa de fronteira – foram
visitados 22 municípios da fronteira gaúcha e cidades “gêmeas” nos países
vizinhos.
A pesquisa demonstrou que a população do Estado do Rio Grande
do Sul residentes em região de fronteira sente o que é denominado “ausência
do Estado”, ou seja, a incapacidade do Estado de se fazer presente na região
de fronteira. Ainda, a professora Adriana Dorfman fez a ressalva de que a
população gaúcha que vive nas regiões de fronteira não tem como percepção
de violência a criminalidade fronteiriça, ou seja, os crimes de tráfico de
drogas, de armas e de pessoas, por exemplo .
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26 As conclusões da pesquisa foram publicadas em artigo científico pela Professora Adriana
Dorfman. Para tanto, v. DORFMAN, Adriana. ENAFRON e suas materializações no Rio Grande
do Sul. In: Maria Izabel Mallman; Teresa Cristina Schneider Marques. (Org.). Fronteiras e
Relações Brasil - Uruguai. v 1, Porto Alegre: Edipucrs, 2015, pp. 119-212.
27 Em artigo científico que traz os resultados da pesquisa realizada, a Professora Adriana
Dorfman afirma: “Dentro do quadro gaúcho, o crime que se destaca é o abigeato, é uma
particularidade do RS. No MS, em SC, no PR também há notícia desse crime, mas no Rio Grande
do Sul ele é visto como um problema. Segundo Marlene Spaniol, a questão central é o impacto
numérico desse delito, uma vez que a segurança pública trava uma permanente negociação com
as estatísticas: no caso de o RS atacar o abigeato seria relevante em termos da diminuição
das estatísticas de furto, principalmente.
Outras situações violentas relevantes em termos quantitativos na região fronteiriça ligam-se à
violência contra a mulher. Disseminada em toda a sociedade, na fronteira ela perde o valor
discursivo, perde relevância, pelo menos por duas razões: na fronteira, o importante é o território
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