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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
A freqüência cardíaca não é bom indicador de trauma no idoso em função dos efei-
tos de medicamentos e da inadequada resposta do coração às catecolaminas circulantes
(epinefrina). Informações quantitativas ou sinais clínicos não devem ser usados de forma
isolada de outros achados.
A hemorragia nos idosos é controlada de maneira um pouco diferente do que em
outras vítimas. Os idosos têm pouca reserva cardiovascular e os sinais vitais não são um
bom indicador de choque no idoso, pois normalmente a vítima hipertensa pode estar em
choque com pressão sistólica de 110 mmHg. O tratamento com medicamentos deve ser
orientado pelo grau de suspeita de grave sangramento, baseado no mecanismo de trau-
ma e nas manifestações que em geral se associam ao choque.
5.4. Avaliação Neurológica
O socorrista deve analisar todos os achados em conjunto e ter um alto nível de
suspeita do idoso. Grandes diferenças na atividade mental, memória e orientação podem
existir no idoso. Lesão cerebral traumática significante deve ser identificada, levando em
conta o status normal prévio do indivíduo. A menos que alguém no local do trauma possa
descrever este estado, deve-se presumir que a vítima tem danos neurológicos, hipóxia ou
ambos.
O socorrista deve selecionar cuidadosamente as perguntas para determinar a ori-
entação de tempo e lugar do doente idoso. Caso a vítima não consiga realiza-lo, pode-se
presumir que tenha algum nível de desorientação. Embora normalmente as vítimas orien-
tadas, podem não ser capazes de identificar o local onde se encontra atualmente. Confu-
são ou incapacidade de lembrar de fatos e de longa data pode ser um melhor indicador de
quanto tempo atrás os eventos aconteceram, em vez de quanto o indivíduo é esquecido.
As repetidas narrações de eventos de longa data, aparentando dar mais importância a fa-
tos passados que aos fatos recentes, apenas representam nostalgia prolongada pelos
anos e pelos fatos. Tais compensações sociais e psicológicas não devem ser considera-
das sinais de senilidade ou de capacidade mental diminuída.
5.5. Exposição & Ambiente
Os idosos são mais suscetíveis a mudanças ambientais. Têm capacidade reduzida
de responder a súbitas alterações, produzem menos calor, capacidade reduzida de livrar
o corpo de calor excessivo. Problemas de regulação térmica estão relacionados com de-
sequilíbrio eletrolítico, por exemplo: diabetes mellitus. Outros fatores incluem diminuição
do metabolismo basal, capacidade reduzida de arrepiar, arterioeclerose e efeitos de dro-
gas e do álcool. A hipertermia é influenciada por acidente vascular cerebral (AVC), diuréti-
cos anti-histamínicos e drogas anti-parkinsonianas. A hipotermia é influenciada pela dimi-
nuição do metabolismo, obesidade, vasoconstrição periférica menos eficiente e nutrição
deficiente.
A retirada das ferragens por tempo prolongado em dias de temperatura extrema
pode colocar o idoso em risco, devendo ser resolvida rapidamente.
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