Page 25 - REVISTA IMPACTO ED 83
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CLASSE A










              O Funk



              como



              Arte e



              Expressão


              em MS



                                                                                             Por Rosildo Barcelos

                          todos é conhecida a trajetória do samba.   cheia, deu uma breve entrevista ao “Classe A” do Jornal
                          De música “da malandragem”, muitas   Impacto MS, comentando que, está com 8 anos de car-
                   A vezes proibida, com seus compositores     reira e faz eventos e leva alegria por todo Brasil, com
              perseguidos pela polícia, tornou-se identificada como   um show que mistura funk e outros ritmos eletrônicos.
              autêntica manifestação da cultura do país. Certamen-  Sua banda é formada por 4 componentes Dj lukas, 2
              te não foi outra a origem de alguns outros ritmos cujo   dançarinas, e o próprio Mc NEGAO, 28 (natural de San-
              valor hoje é reconhecido pela sociedade. Porque não   tos SP). Atualmente faz parte do cachyng de artistas da
              lembrar: o jazz dos negros americanos, o jongo, ma-  produtora torresmo produções e faz parte também do
              nifestação de resistência no Rio de Janeiro. Eviden-  jornalismo comunitário da TV Morena, com matérias
              temente que é importante assinalar a maneira como   alegres e atuais, falando o que a periferia e as pessoas
              manifestações culturais nascem e se tornam emble-  reivindicam e os caminhos para essa melhoria. Assim
              máticas da expressão do que se costuma chamar de   MC Negão representa o segmento, no nicho sertanejo,
              minorias (ainda que não numericamente, mas como   muito forte e presente no nosso estado, aliando o seu
              grupos de produção de cultura) num momento em    puro modo de ver a vida através da musicalidade.
              que, por discriminação, radicalismo ou quaisquer ou-
              tras razões, parcela considerável da sociedade tem re-
              legado o funk a apenas uma expressão da periferia, e
              que para tal lhe dá vez e voz.
                   Com certeza suas letras utilizam a linguagem
              do povo que nela habita, e falam sobre o seu cotidiano,
              sobre as dificuldades, as mazelas, a discriminação e o
              preconceito, desigualdades socieconômicas e possi-
              bilidade de ascensão, questões raciais, tanto que Pier-
              re Bourdieu, entre seus tantos estudos, demonstrou a
              existência de uma correlação entre as práticas e pre-
              ferências culturais, artísticas e estéticas e os níveis de
              instrução, volume de capital e a herança familiar.  E tais
              predileções têm a capacidade de categorizar, discernir,
              unir e distanciar pessoas e assim agiu Orzirio Neves
              Dias, o “MC Negão” recém cegado de shows em Guira-
              tinga e Tangará da Serra no Mato Grosso, e com agenda


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