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Katherine ficou confusa na mesma hora.
— Continua incompreensível.
Langdon permaneceu calado por alguns instantes.
— Na verdade, Katherine, não continua, não. — Os olhos dele tornaram a brilhar com a emoção
da descoberta. — Isto é... latim.
O velho cego avançava com seus passos arrastados por um longo e escuro corredor em direção
a seu escritório. Quando enfim chegou lá, se deixou cair sobre a cadeira diante da escrivaninha, os
ossos frágeis gratos pelo descanso. Sua secretária eletrônica apitava. Ele apertou o botão e escutou.
“Aqui é Warren Bellamy”, disse o sussurro abafado de seu velho amigo e irmão maçom.
“Infelizmente, tenho notícias alarmantes...”
Os olhos de Katherine Solomon voltaram à grade de letras, examinando mais uma vez o texto.
De fato, uma palavra agora se materializava diante de seus olhos. Jeova.
J E O V
A S A N
C T U S
U N U S
Katherine nunca tinha estudado latim, mas conhecia aquela palavra por ter lido textos hebraicos
antigos. Jehovah. Ela continuou a leitura, se surpreendendo ao perceber que entendia o texto inteiro.
Jeova Sanctus Unus.
Soube na mesma hora o que aquilo queria dizer. A frase era onipresente nas traduções
modernas da escritura hebraica. Na Torá, o Deus dos hebreus era conhecido por muitos nomes —
Jehovah, Jeshna, Yahweh, a Fonte, o Elohim —, mas muitas traduções romanas haviam consolidado
essa nomenclatura confusa numa única frase em latim: Jeova Sanctus Unus.
— Único Deus Verdadeiro? — sussurrou ela para si mesma. — A expressão certamente não se
parecia com algo que pudesse ajudá-los a encontrar seu irmão. — É essa a mensagem secreta da
pirâmide? Único Deus Verdadeiro? Pensei que isto aqui fosse um mapa.
Langdon também parecia perplexo, a animação em seus olhos dando lugar à decepção.
— A interpretação evidentemente está correta, mas...
— O homem que está com meu irmão quer saber uma localização. — Ela ajeitou os cabelos
atrás das orelhas. — Duvido que ele vá ficar muito contente com isto aqui.
— Katherine — falou Langdon. — Eu já temia isso. Passei a noite inteira com a sensação de que
estamos tratando uma coleção de mitos e alegorias como realidade. Talvez esta inscrição indique uma
localização metafórica.., e nos diga que o potencial humano só pode ser alcançado por meio do Único
Deus Verdadeiro.
— Mas isso não faz sentido! — retrucou Katherine, seu maxilar contraído de frustração. — A
minha família passou gerações protegendo esta pirâmide! Único Deus Verdadeiro? É esse o segredo?
E a CIA considera isso uma questão de segurança nacional? Ou eles estão mentindo ou nós não
estamos percebendo algum detalhe!
Langdon encolheu os ombros, concordando com ela.
Nesse exato instante, seu telefone começou a tocar.
Em um escritório bagunçado, cheio de livros antigos, o velho se curvava sobre a escrivaninha,
segurando o fone com força na mão artrítica.
O telefone para o qual ligara chamou diversas vezes.
Por fim, uma voz atendeu.
— Alô? — A voz era grave mas hesitante.
O velho sussurrou:
— Soube que o senhor precisa de abrigo.
O homem do outro lado da linha soou espantado.
— Quem está falando? Warren Bell...
— Sem nomes, por favor — disse o velho. — Me diga, o senhor conseguiu proteger o mapa que
lhe foi confiado?
Houve uma pausa de espanto.
— Consegui... mas não acho que isso tenha importância. Ele não diz muita coisa. Se for mesmo
um mapa, parece mais metafórico do que...