Page 144 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Langdon girou o corpo, tentando se localizar. Estava escuro, mas felizmente as nuvens haviam
se dissipado. Os dois estavam num pequeno pátio. Dali, o domo do Capitólio parecia espantosamente
distante, e Langdon percebeu que era a primeira vez que saía ao ar livre em muitas horas, desde que
chegara ao Capitólio.
E eu achei que ia dar uma simples palestra.
— Robert, olhe ali. — Katherine apontou para a silhueta do Jefferson Building.
A primeira reação de Langdon ao ver o prédio foi de espanto por terem percorrido uma distância
tão grande sobre a esteira rolante. A segunda, porém, foi de alarme. O Jefferson Building formigava de
atividade — caminhões e carros chegando, homens gritando. Aquilo é um holofote?
Langdon agarrou a mão de Katherine.
— Vamos.
Eles atravessaram correndo o pátio na direção nordeste, sumindo rapidamente de vista por trás
de um elegante prédio em forma de U, que Langdon percebeu ser a Biblioteca Folger, especializada na
obra de Shakespeare. Aquele prédio específico parecia um esconderijo bem adequado para eles
naquela noite, já que abrigava o manuscrito original em latim da Nova Atlântida, de Francis Bacon, a
visão utópica que os pais fundadores dos Estados Unidos tinham supostamente usado como modelo
para um novo mundo baseado no saber antigo. Apesar disso, Langdon preferiu deixar a visita para
outra ocasião.
Precisamos de um táxi.
Chegaram à esquina da Rua 3 com a East Capitol. Havia pouco tráfego e, quando Langdon
olhou em volta à procura de um táxi, sentiu suas esperanças murcharem. Ele e Katherine saíram
correndo pela Rua 3 na direção norte, afastando-se mais ainda da Biblioteca do Congresso. Foi só
depois de percorrerem um quarteirão inteiro que Langdon finalmente viu um táxi dobrando a esquina.
Fez sinal para o motorista e o táxi encostou.
O rádio tocava uma música do Oriente Médio e o jovem taxista árabe lhes lançou um sorriso
acolhedor.
— Para onde? — perguntou ele quando os dois pularam para dentro do carro.
— Temos que ir para...
— Lá! — interrompeu Katherine, apontando para noroeste, na direção contrária ao Jefferson
Building. — Siga até a Union Station, depois vire à esquerda na Massachusetts Avenue. A gente avisa
quando for parar.
O taxista deu de ombros, fechou a divisória e tornou a pôr a música.
Katherine lançou um olhar repreensivo para Langdon como quem diz: “Não podemos deixar
rastros’ Apontou pela janela, chamando a atenção de Langdon para um helicóptero preto que se
aproximava dali voando baixo. Merda. Pelo jeito, Sato estava decidida a recuperar a pirâmide de
Solomon.
Enquanto assistiam ao helicóptero aterrissar entre o Jefferson e o Adams Building, Katherine se
virou para ele, parecendo cada vez mais aflita.
— Posso ver seu celular um segundo?
Langdon lhe passou o telefone.
— Peter comentou comigo que você tem uma memória espetacular — disse ela, abrindo a
janela. — E que se lembra de todos os números que já discou na vida. É verdade?
— É verdade, mas...
Katherine arremessou o aparelho para fora do carro. Langdon se virou no banco e viu o celular
dar uma cambalhota e se espatifar ao atingir o asfalto atrás deles.
— Por que você fez isso?
— Para nos tirar do radar — disse Katherine com uma expressão grave. — Essa pirâmide é
nossa única esperança de encontrar meu irmão, e eu não tenho a menor intenção de deixar a CIA
roubá-la de nós.
No banco da frente, Omar Amirana balançava a cabeça e cantarolava ao ritmo da música. A
noite tinha sido fraca e ele se sentia abençoado por ter finalmente conseguido uma corrida. Seu táxi
estava passando em frente ao Stanton Park quando a conhecida voz da atendente de sua empresa
chiou no rádio:
— Aqui é a central. Atenção todos os carros nas imediações do National Mall. Acabamos de
receber um boletim de autoridades do governo sobre dois fugitivos na área do Adams Building...
Omar escutou, atônito, enquanto a central descrevia justamente o casal sentado no seu táxi. Ele
lançou um olhar nervoso pelo retrovisor. O passageiro alto não lhe era estranho. Será que eu já vi esse
cara naquele programa de TV sobre os bandidos mais procurados do país?
Discretamente, Omar estendeu a mão para apanhar o rádio.