Page 139 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Com um estalo, a porta do carro se abriu. Bellamy sentiu uma dor aguda nos ombros enquanto
era arrastado para fora pelos braços. Sem dizer uma palavra, uma força poderosa o colocou de pé e o
conduziu por uma vasta extensão de cimento. Havia naquele lugar um cheiro estranho, de terra, que ele
não conseguia identificar. Podia ouvir os passos de outra pessoa os acompanhando, mas, quem quer
que fosse, ainda não tinha dito nada.
Pararam diante de uma porta e Bellamy ouviu um bipe eletrônico. A porta se abriu com um
dique. Bellamy foi conduzido com truculência por vários corredores e não pôde deixar de perceber que
a atmosfera ali estava mais quente e úmida. Talvez uma piscina coberta? Não. O cheiro no ar não era
de cloro... era muito mais terroso, primitivo.
Que lugar é este? Bellamy sabia que não podia estar a mais de um ou dois quarteirões do prédio
do Capitólio. Tornaram a parar e ele escutou novamente o bipe eletrônico de uma porta de segurança.
Desta vez, ela se abriu com um silvo. Quando eles o empurraram para dentro, o cheiro que o atingiu foi
inconfundível.
Bellamy então se deu conta de onde estavam. Meu Deus! Ele entrava naquele lugar com
frequência, embora nunca pela porta de serviço. O magnífico prédio de vidro ficava a menos de 300
metros do Capitólio e, tecnicamente, fazia parte do mesmo complexo. Eu administro este lugar! O
Arquiteto então percebeu que era seu próprio controle que estava lhes dando acesso.
Braços potentes o empurraram porta adentro, conduzindo-o por uma passarela sinuosa e
familiar. O calor pesado e úmido daquele lugar em geral lhe parecia reconfortante. Naquela noite, o
fazia suar.
O que estamos fazendo aqui?
De repente, Bellamy foi obrigado a parar e se sentar num banco. O homem musculoso que o
arrastava abriu as algemas apenas por tempo suficiente para prendê-las ao banco atrás dele.
— O que vocês querem de mim? — perguntou Bellamy, com o coração batendo
descompassado.
A única resposta que recebeu foi o ruído de botas se afastando e da porta de vidro deslizando
até fechar.
Então, silêncio.
Um silêncio sepulcral.
Será que eles vão simplesmente me deixar aqui? Bellamy começou a transpirar ainda mais
enquanto se esforçava para soltar as mãos. Não vão me deixar nem tirar a venda?
— Socorro! — gritou ele. — Tem alguém aí?
Embora gritasse de pânico, Bellamy sabia que ninguém iria escutá-lo. Aquele imenso ambiente
de vidro — conhecido como a Selva — ficava totalmente isolado quando as portas eram fechadas.
Eles me deixaram na Selva, pensou ele. Ninguém vai me encontrar até de manhã.
Foi então que ele escutou.
O som era quase inaudível, porém o aterrorizou mais do que qualquer outro que tivesse
escutado na vida. Alguma coisa está respirando. Muito perto.
Ele não estava sozinho no banco.
O súbito chiado de um fósforo crepitou tão próximo de seu rosto que ele pôde sentir o calor da
chama. Bellamy se encolheu, puxando com força as algemas, instintivamente.
Então, sem aviso, a mão de alguém tocou seu rosto e retirou a venda.
A chama à sua frente se refletiu nos olhos negros de Inoue Sato enquanto ela pressionava o
fósforo no cigarro que lhe pendia da boca, a poucos centímetros do rosto de Bellamy.
Sob a luz do luar que atravessava o telhado de vidro, ela o encarou com ódio. Parecia satisfeita
em ver seu medo.
— Então, Sr. Bellamy — disse Sato, sacudindo o fósforo para apagá-lo —, por onde nós vamos
começar?
CAPÍTULO 70
Um quadrado mágico. Enquanto olhava para o quadrado numerado na gravura de Dürer,
Katherine assentiu. A maioria das pessoas teria pensado que o professor havia perdido a razão, mas
ela logo se deu conta de que Langdon estava certo.