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Katherine estacou abruptamente e olhou para Langdon.
                 — Robert, Melancolia I está aqui em Washington. Exposta na National Gallery.
                 — Sim — disse ele com um sorriso —, e algo me diz que isso não é coincidência. A galeria está
          fechada a esta hora, mas eu conheço o curador e...
                 — Nem pensar, Robert. Sei o que acontece quando você entra num museu.
                 Katherine mudou de direção, indo para uma saleta onde havia uma mesa com um computador.
          Langdon a seguiu com ar cabisbaixo.
                 — Vamos fazer isso do jeito mais fácil — disse ela.
                 Para  o  professor  Langdon,  especialista  em  arte,  usar  a  internet  quando  o  original  estava  tão
          perto era um dilema ético. Quando o computador finalmente ganhou vida, Katherine não soube o que
          fazer.
                 — Cadê o ícone do navegador?
                 — É uma rede interna da biblioteca — explicou Langdon, apontando para um ícone na área de
          trabalho. — Tente isto aqui.
                 Ela  clicou  no  ícone  chamado  ACERVOS  DIGITAIS  e  o  computador  abriu  uma  nova  tela.
          Langdon  tornou  a  apontar  e  Katherine  clicou  no  ícone  que  ele  havia  escolhido:  ACERVO  DE
          GRAVURAS. A tela se atualizou. GRAVURAS: BUSCA.
                 — Digite “Albrecht Dürer”
                 Katherine  digitou  o  nome,  clicando  em  seguida  no  botão  de  busca.  Em  poucos  segundos,  o
          monitor começou a exibir uma série de imagens minimizadas. Todas pareciam seguir o mesmo estilo —
          intrincadas gravuras em preto e branco. Dürer aparentemente tinha feito dezenas de obras parecidas.

                 Adão e Eva
                 A Traição de Cristo
                 Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse
                 A Grande Paixão
                 A Última Ceia

                 Ao ver todos os títulos  bíblicos, Katherine se lembrou de que Dürer praticava algo conhecido
          como cristianismo místico — uma fusão de cristianismo primitivo, alquimia, astrologia e ciência.
                 Ciência...
                 A imagem de seu laboratório em chamas passou por sua cabeça. Ela mal conseguia pensar nas
          consequências daquilo a longo prazo, mas, por ora, estava mais preocupada com sua assistente, Trish.
          Espero que ela teu/ia conseguido escapar.
                 Langdon estava dizendo alguma coisa sobre a versão de Dürer da Última Ceia, mas Katherine
          mal o escutou. Ela havia acabado de encontrar o link para Melancolia I.
                 Deu um dique com o mouse e a página foi atualizada com informações genéricas.

                 Melancolia I, 1514
                 Albrecht Dürer
                 (gravura sobre papel)
                 Coleção Rosenwald
                 National Gallery of Art
                 Washington, D.C.

                 Quando ela desceu pela página, uma imagem digital em alta resolução da obra-prima de Dürer
          surgiu em toda a sua glória.
                 Katherine  tinha  esquecido  como  aquele  trabalho  era  estranho  e  ficou  olhando  para  ele,
          espantada.
                 Langdon deu uma risadinha cúmplice.
                 — Como eu disse, é uma obra críptica.
                 Melancolia I mostrava uma figura taciturna, dotada de asas gigantescas, sentada em frente a um
          edifício de pedra, cercada pela mais disparatada e bizarra coleção de objetos que se possa imaginar —
          uma balança, um cão raquítico, ferramentas de carpintaria, uma ampulheta, alguns sólidos geométricos,
          um sino, um querubim, uma lâmina, uma escada.
                 Katherine  se  lembrava  vagamente  do  irmão  lhe  dizendo  que  aquela  figura  alada  era  uma
          representação do “gênio humano”— um grande pensador segurando o queixo, com ar deprimido, ainda
          incapaz  de  alcançar  a  iluminação.  O  gênio  está  cercado  por  todos  os  símbolos  de  seu  intelecto  —
          ciência, matemática, filosofia, geometria e até mesmo carpintaria —, mas nem assim consegue subir a
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