Page 132 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 132
CAPÍTULO 63
Em um bairro tranquilo imediatamente a oeste da Embassy Row, em Washington, existe um
jardim murado em estilo medieval cujas rosas, dizem, brotam de roseiras plantadas no século XII.
Conhecido como Shadow House, o mirante do jardim se ergue, elegante, entre sinuosas trilhas de
pedras extraídas da pedreira particular de George Washington.
Naquela noite, o silêncio que ali reinava foi quebrado por um rapaz que entrou correndo e
gritando pelo portão de madeira.
— Olá? — chamou ele, esforçando-se para ver à luz do luar. — O senhor está aí?
A voz que respondeu era débil, quase inaudível.
— Estou aqui no mirante... tomando um pouco de ar.
O rapaz encontrou seu superior sentado no banco de pedra, debaixo de um cobertor. Era um
velho corcunda, frágil, cujos traços lembravam os de um elfo. Os anos haviam vergado seu corpo e lhe
roubado a visão, mas sua alma ainda era uma força digna de respeito.
Recuperando o fôlego, o rapaz disse:
— Acabei de... receber um telefonema... do seu amigo... Warren Bellamy.
— Foi mesmo? — O velho se animou. — O que ele queria?
— Não falou, mas parecia bem afobado. Ele me disse que deixou um recado na sua caixa postal
que o senhor precisa escutar agora mesmo.
— Foi só isso que ele disse?
— Na verdade, não. Ele me pediu que fizesse uma pergunta ao senhor. — O rapaz fez uma
pausa. Uma pergunta muito estranha. — Disse que precisava da sua resposta imediatamente.
O velho se inclinou mais para perto.
— Que pergunta?
Quando o rapaz repetiu o que Warren Bellamy havia perguntado a nuvem que cruzou o
semblante do velho foi visível até sob a luz do luar. Na mesma hora, ele se livrou do cobertor e
começou a se levantar com dificuldade.
— Me ajude a entrar, por favor. Agora.
CAPÍTULO 64
Chega de segredos, pensou Katherine Solomon.
Na mesa à sua frente, o lacre de cera que havia permanecido intacto por muitas gerações jazia
em pedaços. Ela terminou de retirar o papel pardo desbotado do embrulho do irmão. Ao seu lado,
Langdon parecia claramente desconfortável.
De dentro do papel Katherine extraiu uma caixinha de pedra cinza. Semelhante a um cubo de
granito polido, não tinha dobradiças nem fecho — e aparentemente não havia como abri-la. Lembra
aquelas caixinhas chinesas que são verdadeiros quebra-cabeças, pensou Katherine.
— Parece um bloco maciço — disse ela, correndo os dedos pelas bordas. — Tem certeza de
que o raio X mostrou que há um cume dentro dela?
— Tenho — respondeu Langdon, aproximando-se e examinando a misteriosa caixinha. Ele e
Katherine a estudaram de ângulos diferentes, tentando encontrar um jeito de abri-la.
— Achei — disse Katherine, depois de localizar com a unha a fenda escondida que margeava
uma das laterais superiores da caixa. Depois de colocá-la sobre a mesa, ela ergueu cuidadosamente a
tampa, que se abriu com facilidade, como a parte de cima de um porta-joias elegante.
Quando a tampa caiu para trás, tanto Langdon quanto Katherine arquejaram ruidosamente de
espanto. O interior da caixa parecia reluzir, brilhando com um fulgor quase sobrenatural. Katherine
nunca tinha visto um pedaço de ouro daquele tamanho, de modo que levou alguns instantes para
perceber que o precioso metal estava simplesmente refletindo o brilho da luminária.
— Espetacular — sussurrou ela.
Apesar de ter passado mais de um século lacrado num cubo de pedra, o cume não perdera o
brilho nem exibia qualquer defeito. O ouro resiste às leis entrópicas da decomposição; esse é um dos
motivos pelos quais os antigos o consideravam mágico. Katherine sentiu o pulso acelerar enquanto se
inclinava para olhar o topo dourado.
— Tem uma inscrição nele.