Page 129 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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— Meu Deus do céu, pai! Você não desiste, não é? Não está vendo que eu não ligo a mínima
para os maçons nem para pirâmides de pedra e mistérios antigos? — Ele estendeu a mão e recolheu a
pasta preta, brandindo-a em frente ao rosto do pai. — Isto aqui é meu por direito! O mesmo direito dos
Solomon que vieram antes de mim! Não acredito que você tentou me passar a perna com essas
histórias ridículas sobre antigos mapas do tesouro para eu não receber minha herança! — Ele enfiou a
pasta debaixo do braço e passou pisando firme por Bellamy até as portas do escritório que davam para
a varanda.
— Zachary, espere! — Peter correu atrás do filho enquanto ele saía altivamente porta afora. —
Faça o que fizer, você nunca pode falar sobre a pirâmide que viu! — A voz de Peter Solomon fraquejou.
— Com ninguém! Nunca!
Mas Zachary o ignorou e sumiu noite adentro.
Os olhos cinzentos de Peter Solomon estavam cheios de pesar quando ele voltou à escrivaninha
e sentou-se pesadamente na cadeira de couro. Após um longo silêncio, ergueu os olhos para Bellamy e
forçou-se a dar um sorriso triste.
— Tudo bem.
Bellamy suspirou, compartilhando a dor de Solomon
— Peter, eu não quero parecer insensível, mas... você confia nele?
Solomon fitou o vazio com um olhar inexpressivo
— Quer dizer... — insistiu Bellamy —... você acredita que ele vai guardar segredo sobre a
pirâmide?
O rosto de Solomon estava sem vida.
— Eu realmente não sei o que dizer, Warren. Não tenho certeza mais nem se o conheço.
Bellamy se levantou e pôs-se a zanzar lentamente diante da grande escrivaninha.
— Peter, você cumpriu seu dever de família, mas agora, levando em conta o que acabou de
acontecer, acho que precisamos tomar precauções. Seria melhor eu lhe devolver o cume para que você
encontre um novo lar para ele. Alguma outra pessoa deveria protegê-lo.
— Por quê? — perguntou Solomon.
— Se Zachary contar a alguém sobre a pirâmide... e mencionar minha presença hoje à noite...
— Ele não sabe nada sobre o cume e é imaturo demais para achar que a pirâmide tem
importância. Não precisamos de um novo lar para o cume. Vou deixar a pirâmide dentro do meu cofre.
E você vai guardar o cume num local seguro. Como sempre fizemos.
Seis anos depois, no dia de Natal, quando a família ainda estava se curando da morte de
Zachary, o monstro que afirmava tê-lo matado invadiu a propriedade dos Solomon. O intruso tinha ido
até lá buscar a pirâmide, mas roubara apenas a vida de Isabel Solomon.
Dias depois, Peter convocou Bellamy a seu escritório. Trancou a porta e tirou a pirâmide do
cofre, depositando-a sobre a escrivaninha entre os dois.
— Eu deveria ter escutado você.
Bellamy sabia que Peter estava mortificado por causa daquilo.
— Não teria feito diferença.
Solomon respirou fundo, cansado.
— Você trouxe o cume?
Bellamy tirou do bolso um pequeno embrulho em forma de cubo. O papel pardo desbotado
estava amarrado com barbante e exibia o lacre de cera do anel dos Solomon. Bellamy pós o embrulho
sobre a mesa, sabendo que, naquela noite, as duas metades da Pirâmide Maçônica estavam mais
próximas do que deveriam.
— Encontre outra pessoa para cuidar disso. Não me diga quem é.
Solomon aquiesceu.
— E eu sei onde você pode esconder a pirâmide — disse Bellamy. Ele contou ao amigo sobre o
segundo subsolo do Capitólio. — Não existe lugar mais seguro em toda a Washington.
Bellamy se lembrava de que Solomon abraçara a ideia na mesma hora, porque lhe parecia
adequado esconder a pirâmide no coração simbólico do país. Típico de Solomon, pensara. Idealista
mesmo durante uma crise.
Agora, 10 anos depois, enquanto era empurrado às cegas pela Biblioteca do Congresso,
Bellamy tinha certeza de que a crise daquela noite estava longe do fim. Também sabia quem Solomon
escolhera para proteger o cume... e rezava a Deus para Robert Langdon ser digno daquela tarefa.