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Langdon  se  aproximou  até  os  ombros  dos  dois  se  tocarem.  Seus  olhos  azuis  faiscavam  de
          curiosidade. Ele havia contado a Katherine sobre o antigo costume grego de criar um symbolon — um
          código dividido em várias partes — e lhe explicara que aquele cume, havia muito separado da pirâmide
          em  si,  conteria  a  chave  para  decifrá-la.  Supostamente  aquela  inscrição,  qualquer  que  fosse  seu
          significado criaria ordem a partir do caos.
                 Katherine ergueu a caixinha até a luz para examinar o cume. Embora pequena, a inscrição era
          perfeitamente legível — um texto minúsculo delicadamente gravado em uma das laterais. Katherine leu
          as sete palavras simples.
                 Em seguida, releu-as.
                 — Não! — exclamou. — Não pode ser isso que está escrito!
                 Do outro lado da rua, a diretora Sato seguia apressada pelo caminho em frente ao Capitólio até
          seu  ponto  de  encontro  na  Rua  1.  O  último  informe  da  sua  equipe  havia  sido  inaceitável.  Nada  de
          Langdon. Nada de pirâmide. Nada de cume. Bellamy estava sob custódia, mas ele não estava falando a
          verdade. Pelo menos ainda não.
                 Mas ele vai falar. Eu garanto.
                 Ela olhou por cima do  ombro para uma das mais novas vistas de Washington — o domo do
          Capitólio  desenhado  sobre  o  novo  centro  de  visitantes.  O  domo  iluminado  só  fazia  acentuar  a
          importância do que estava realmente em jogo naquela noite. Época perigosa a nossa.
                 Sato ficou aliviada ao ouvir o toque do celular e ver o nome de sua analista se estampar na tela.
                 — Nola — atendeu ela. — O que você descobriu?
                 Nola Kaye lhe deu a má notícia. O raio X da inscrição no cume estava apagado demais para ser
          lido e os filtros de otimização de imagem não tinham ajudado.
                 Merda. Sato mordeu o lábio.
                 — E a grade de 16 letras?
                 —  Ainda  estou  tentando  —  respondeu  Nola  —,  mas  até  agora  não  achei  nenhum  sistema
          secundário de criptografia que se aplique. Mandei o computador reorganizar as letras para procurar algo
          identificável, mas existem mais de 20 trilhões de possibilidades.
                 — Continue trabalhando nisso. Me mantenha informada. — Sato desligou e fez cara feia. Sua
          esperança de decifrar a pirâmide usando apenas uma foto e um raio X estava indo por água abaixo.
          Preciso da pirâmide e do cume... e meu tempo está se esgotando.
                 Sato chegou à Rua 1 bem na hora em que um utilitário Escalade preto com vidros escurecidos
          ultrapassou zunindo a faixa dupla amarela, cantando pneu até parar no ponto de encontro. Um único
          agente saltou do carro.
                 — Alguma notícia de Langdon? — quis saber Sato.
                 —  Estamos  confiantes  —  disse  o  homem,  sem  aparentar  emoção.  —  Acabamos  de  receber
          reforços.  Todas  as  saídas  da  biblioteca  estão  cercadas.  Temos  até  apoio  aéreo  a  caminho.  Vamos
          encher aquilo lá de gás lacrimogêneo e ele não vai ter para onde correr.
                 — E Bellamy?
                 — Está algemado ali atrás.
                 Ótimo. O ombro dela continuava doendo.
                 O agente entregou a Sato um saco plástico contendo um celular, um molho de chaves e uma
          carteira.
                 — Os pertences de Bellamy.
                 — Só isso?
                 — Sim, senhora. A pirâmide e o pacote ainda devem estar com Langdon.
                 —  Certo  —  disse  Sato.  —  Bellamy  sabe  muita  coisa  que  não  está  dizendo.  Eu  gostaria  de
          interrogá-lo pessoalmente.
                 — Sim, senhora. Devo levá-lo para Langley, então?
                 Sato respirou fundo enquanto andava de um lado para outro junto ao carro. O interrogatório de
          civis norte-americanos era regido por protocolos muito rígidos, e tomar o depoimento de Bellamy seria
          altamente  ilegal  a  menos  que  isso  fosse  feito  em  Langley,  diante  das  câmeras,  de  testemunhas,
          advogados, blá-blá-blá...
                 —  Não,  para  Langley, não  —  disse ela, tentando  pensar  em  algum  lugar mais  perto.  E mais
          reservado.
                 O agente não disse nada e continuou ao lado do veículo, aguardando ordens. Sato acendeu um
          cigarro, deu uma longa tragada e baixou os olhos para o saco plástico com os pertences de Bellamy.
          Havia percebido que o chaveiro dele incluía um controle eletrônico com quatro letras: USBG. Sato, é
          claro, sabia a qual prédio do governo aquele controle dava acesso. Ele ficava bem perto e, àquela hora,
          era muito reservado.
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