Page 133 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Langdon se aproximou até os ombros dos dois se tocarem. Seus olhos azuis faiscavam de
curiosidade. Ele havia contado a Katherine sobre o antigo costume grego de criar um symbolon — um
código dividido em várias partes — e lhe explicara que aquele cume, havia muito separado da pirâmide
em si, conteria a chave para decifrá-la. Supostamente aquela inscrição, qualquer que fosse seu
significado criaria ordem a partir do caos.
Katherine ergueu a caixinha até a luz para examinar o cume. Embora pequena, a inscrição era
perfeitamente legível — um texto minúsculo delicadamente gravado em uma das laterais. Katherine leu
as sete palavras simples.
Em seguida, releu-as.
— Não! — exclamou. — Não pode ser isso que está escrito!
Do outro lado da rua, a diretora Sato seguia apressada pelo caminho em frente ao Capitólio até
seu ponto de encontro na Rua 1. O último informe da sua equipe havia sido inaceitável. Nada de
Langdon. Nada de pirâmide. Nada de cume. Bellamy estava sob custódia, mas ele não estava falando a
verdade. Pelo menos ainda não.
Mas ele vai falar. Eu garanto.
Ela olhou por cima do ombro para uma das mais novas vistas de Washington — o domo do
Capitólio desenhado sobre o novo centro de visitantes. O domo iluminado só fazia acentuar a
importância do que estava realmente em jogo naquela noite. Época perigosa a nossa.
Sato ficou aliviada ao ouvir o toque do celular e ver o nome de sua analista se estampar na tela.
— Nola — atendeu ela. — O que você descobriu?
Nola Kaye lhe deu a má notícia. O raio X da inscrição no cume estava apagado demais para ser
lido e os filtros de otimização de imagem não tinham ajudado.
Merda. Sato mordeu o lábio.
— E a grade de 16 letras?
— Ainda estou tentando — respondeu Nola —, mas até agora não achei nenhum sistema
secundário de criptografia que se aplique. Mandei o computador reorganizar as letras para procurar algo
identificável, mas existem mais de 20 trilhões de possibilidades.
— Continue trabalhando nisso. Me mantenha informada. — Sato desligou e fez cara feia. Sua
esperança de decifrar a pirâmide usando apenas uma foto e um raio X estava indo por água abaixo.
Preciso da pirâmide e do cume... e meu tempo está se esgotando.
Sato chegou à Rua 1 bem na hora em que um utilitário Escalade preto com vidros escurecidos
ultrapassou zunindo a faixa dupla amarela, cantando pneu até parar no ponto de encontro. Um único
agente saltou do carro.
— Alguma notícia de Langdon? — quis saber Sato.
— Estamos confiantes — disse o homem, sem aparentar emoção. — Acabamos de receber
reforços. Todas as saídas da biblioteca estão cercadas. Temos até apoio aéreo a caminho. Vamos
encher aquilo lá de gás lacrimogêneo e ele não vai ter para onde correr.
— E Bellamy?
— Está algemado ali atrás.
Ótimo. O ombro dela continuava doendo.
O agente entregou a Sato um saco plástico contendo um celular, um molho de chaves e uma
carteira.
— Os pertences de Bellamy.
— Só isso?
— Sim, senhora. A pirâmide e o pacote ainda devem estar com Langdon.
— Certo — disse Sato. — Bellamy sabe muita coisa que não está dizendo. Eu gostaria de
interrogá-lo pessoalmente.
— Sim, senhora. Devo levá-lo para Langley, então?
Sato respirou fundo enquanto andava de um lado para outro junto ao carro. O interrogatório de
civis norte-americanos era regido por protocolos muito rígidos, e tomar o depoimento de Bellamy seria
altamente ilegal a menos que isso fosse feito em Langley, diante das câmeras, de testemunhas,
advogados, blá-blá-blá...
— Não, para Langley, não — disse ela, tentando pensar em algum lugar mais perto. E mais
reservado.
O agente não disse nada e continuou ao lado do veículo, aguardando ordens. Sato acendeu um
cigarro, deu uma longa tragada e baixou os olhos para o saco plástico com os pertences de Bellamy.
Havia percebido que o chaveiro dele incluía um controle eletrônico com quatro letras: USBG. Sato, é
claro, sabia a qual prédio do governo aquele controle dava acesso. Ele ficava bem perto e, àquela hora,
era muito reservado.