Page 126 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 126
dos casos, o alarme da casa havia sido disparado por algo inofensivo e ela só precisava usar o código
de segurança para reativá-lo. Aquela casa, porém, estava silenciosa. Não havia alarme tocando. Da
rua, tudo parecia escuro e tranquilo.
A agente tocou o interfone do portão, mas não obteve resposta. Digitou o código de segurança
para abri-lo e entrou com o carro. Deixando o motor ligado e a luz amarela girando, foi até a porta da
frente e tocou a campainha. Ninguém atendeu. Ela não viu nenhuma luz ou movimento.
Seguindo com relutância o protocolo, ela acendeu a lanterna para começar a ronda pela casa e
verificar portas e janelas em busca de algum sinal de arrombamento. Quando estava fazendo a curva
para ir até os fundos, uma enorme limusine preta passou em frente à casa, diminuindo a velocidade por
alguns segundos antes de prosseguir. Vizinhos enxeridos.
Ela contornou a propriedade devagar, mas não viu nada fora do comum. O imóvel era maior do
que havia imaginado e, quando chegou ao quintal dos fundos, estava tremendo de frio. Era óbvio que
não havia ninguém em casa.
— Central? — chamou ela pelo rádio. — Estou atendendo ao chamado de Kalorama Heights. Os
donos não estão em casa. Não há sinal de problema. Terminei a verificação do perímetro. Nenhum
indício de intrusos. Alarme falso.
— Entendido — respondeu o atendente. — Boa noite.
A agente tornou a prender o rádio no cinto e começou a refazer o caminho, ansiosa para voltar
ao interior quentinho do carro. Ao fazê-lo, porém, viu algo que tinha deixado passar antes: um pontinho
de luz azulada nos fundos da casa.
Intrigada, foi até lá, e então pôde ver a origem da luz: uma pequena janela basculante que
parecia dar para o porão. O vidro tinha sido escurecido, revestido por dentro com tinta fosca. Talvez
algum tipo de laboratório fotográfico? O brilho azulado que a agente vira emanava de um buraquinho na
janela onde a tinta preta havia começado a descascar.
Ela se agachou, tentando espiar lá dentro, mas não conseguiu ver muita coisa pela abertura
diminuta. Bateu no vidro, imaginando se haveria alguém trabalhando lá embaixo.
— Olá? — gritou.
Não houve resposta, mas, quando ela bateu no vidro, a lasca de tinta de repente se soltou e
caiu, proporcionando-lhe uma visão mais completa. Ela chegou mais perto, praticamente colando o
rosto ao vidro para vasculhar o porão. No mesmo instante, desejou não ter feito isso.
Meu Deus do céu, que diabo é isso?
Hipnotizada, ela permaneceu agachada ali, encarando com um horror abjeto a cena à sua frente.
Por fim, tremendo, a agente tateou o cinto em busca do rádio.
Não chegou a encontrá-lo.
O par eletrizante de ganchos de uma arma de choque foi pressionado contra sua nuca, e uma
dor lancinante varou-lhe o corpo. Seus músculos sofreram um espasmo e ela caiu para a frente, sem ao
menos conseguir fechar os olhos antes de o rosto se estatelar no chão frio.
CAPÍTULO 61
Aquela não era a primeira vez que Warren Bellamy era vendado. Assim como todos os seus
irmãos maçons, ele havia usado a “venda” ritual durante a ascensão aos escalões superiores da
Maçonaria. Mas aquilo tinha acontecido entre amigos. Ali era diferente. Aqueles homens truculentos o
haviam amarrado, coberto sua cabeça com um saco e agora o obrigavam a marchar entre as estantes
de livros.
Os agentes haviam ameaçado Bellamy fisicamente e exigido que ele revelasse o paradeiro de
Robert Langdon. Sabendo que seu corpo envelhecido não suportaria muita punição, Bellamy contara
logo sua mentira.
— Langdon não desceu até aqui comigo! — disse ele, arquejando para recuperar o fôlego. — Eu
disse a ele para subir até a galeria e se esconder atrás da estátua de Moisés, mas não sei para onde
ele foi!
Aparentemente, a história os convenceu, pois dois dos agentes saíram no encalço de Langdon.
Os outros dois o conduziram por entre as estantes.
O único consolo de Bellamy era saber que Langdon e Katherine estavam levando a pirâmide
para um lugar seguro. Em breve, Langdon receberia a ligação de um homem que podia lhes oferecer
abrigo. Confie nele. O homem para quem Bellamy tinha telefonado sabia muito sobre a Pirâmide
Maçônica e o segredo nela contido — a localização de uma escada em caracol oculta que conduzia
para dentro da terra, até o esconderijo de um poderoso saber antigo havia muito enterrado. Bellamy