Page 122 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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ficara marcado pelas cicatrizes daquela noite... que ele escondia sob os símbolos tatuados da sua nova
identidade.
Eu sou Mal’akh.
Esse sempre foi o meu destino.
Ele atravessara o fogo, fora reduzido a pó e depois ressurgira... novamente transformado. Esta
noite seria a última etapa de sua longa e magnífica jornada.
CAPÍTULO 58
O explosivo Key4, apesar do apelido modesto, havia sido desenvolvido pelas Forças Especiais
para arrombar portas causando danos colaterais mínimos. Basicamente uma mistura de
ciclotrimetilenotrinitramina com aditivos plastificantes, era na verdade um pedaço de explosivo C-4
enrolado em lâminas finíssimas para ser inserido em batentes de portas. No caso da sala de leitura da
biblioteca, ele havia funcionado à perfeição.
O agente Turner Simkins, líder daquela operação, passou por cima dos escombros das portas e
correu os olhos pela enorme sala octogonal em busca de qualquer sinal de movimento. Nada.
— Apaguem as luzes — disse ele.
Um segundo agente encontrou o interruptor e desligou as luzes, mergulhando a sala na
escuridão. Em perfeita sincronia, os quatro homens ergueram as mãos e abaixaram o equipamento de
visão noturna, ajustando os óculos por cima dos olhos. Então ficaram parados, vasculhando a sala de
leitura que agora se materializava em sombras verdes fosforescentes.
A cena parecia congelada.
Nada mudou. Ninguém saiu correndo no escuro.
Os fugitivos provavelmente estavam desarmados, mas mesmo assim a equipe entrou na sala de
armas em punho. Naquele breu, elas emitiam quatro ameaçadores feixes de raios laser. Os homens
projetaram os feixes em todas as direções, pelo chão, pelas paredes do fundo, para dentro das galerias,
vasculhando a escuridão. Muitas vezes, a simples visão de uma arma com mira a laser bastava para
provocar uma rendição imediata.
Aparentemente, não esta noite.
Ainda não houvera nenhum movimento.
O agente Simkins levantou a mão, gesticulando para sua equipe entrar no recinto. Em silêncio,
os homens se espalharam. Avançando com cautela pelo corredor central, Simkins acionou um botão
nos óculos, ativando a mais recente inovação do arsenal da CIA. Os geradores de imagens térmicas
existiam havia muitos anos, mas avanços recentes em miniaturização, sensibilidade diferencial e
integração de duas fontes haviam possibilitado uma nova geração de equipamentos de otimização
visual que dava aos agentes uma visão quase sobre-humana.
Nós podemos ver no escuro. Podemos ver através das paredes. E agora... podemos ver o
passado.
Os equipamentos geradores de imagens térmicas haviam se tornado tão sensíveis às diferenças
de temperatura que eram capazes de detectar não apenas a localização de uma pessoa... mas também
onde ela esteve antes. A capacidade de ver o passado muitas vezes se revelava a maior vantagem de
todas. E, naquela noite, mais uma vez, ela provava seu valor. O agente Simkins viu uma assinatura
térmica em uma das mesas de leitura. As duas cadeiras de madeira surgiram fosforescentes em seus
óculos, num tom roxo-avermelhado, o que indicava que elas estavam mais quentes do que as outras
cadeiras da sala. A lâmpada da luminária sobre a mesa brilhava em cor laranja. Era óbvio que os dois
homens tinham se sentado ali, mas a pergunta agora era em que direção tinham fugido.
Ele encontrou a resposta no balcão central que rodeava o grande armário de madeira no centro
da sala. A fantasmagórica impressão de uma palma de mão reluzia em vermelho-vivo.
De arma em punho, Simkins avançou em direção ao móvel octogonal, correndo o laser pela
superfície. Deu a volta até ver uma abertura na lateral do armário. Não acredito que eles tenham se
metido neste beco sem saída! O agente verificou o friso ao redor da abertura e viu ali outra marca
brilhante de mão. Obviamente, a pessoa havia segurado o batente da porta ao se enfiar dentro do
armário.
A hora de ficar em silêncio havia terminado.
— Assinatura térmica! — gritou Simkins, apontando para a abertura. — Flancos, convergir!