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ficara marcado pelas cicatrizes daquela noite... que ele escondia sob os símbolos tatuados da sua nova
          identidade.
                 Eu sou Mal’akh.
                 Esse sempre foi o meu destino.
                 Ele atravessara o fogo, fora reduzido a pó e depois ressurgira... novamente transformado. Esta
          noite seria a última etapa de sua longa e magnífica jornada.




          CAPÍTULO 58


                 O explosivo Key4, apesar do apelido modesto, havia sido desenvolvido pelas Forças Especiais
          para  arrombar  portas  causando  danos  colaterais  mínimos.  Basicamente  uma  mistura  de
          ciclotrimetilenotrinitramina  com  aditivos  plastificantes,  era  na  verdade  um  pedaço  de  explosivo  C-4
          enrolado em lâminas finíssimas para ser inserido em batentes de portas. No caso da sala de leitura da
          biblioteca, ele havia funcionado à perfeição.
                 O agente Turner Simkins, líder daquela operação, passou por cima dos escombros das portas e
          correu os olhos pela enorme sala octogonal em busca de qualquer sinal de movimento. Nada.
                 — Apaguem as luzes — disse ele.
                 Um  segundo  agente  encontrou  o  interruptor  e  desligou  as  luzes,  mergulhando  a  sala  na
          escuridão. Em perfeita sincronia, os quatro homens ergueram as mãos e abaixaram o equipamento de
          visão noturna, ajustando os óculos por cima dos olhos. Então ficaram parados, vasculhando a sala de
          leitura que agora se materializava em sombras verdes fosforescentes.
                 A cena parecia congelada.
                 Nada mudou. Ninguém saiu correndo no escuro.
                 Os fugitivos provavelmente estavam desarmados, mas mesmo assim a equipe entrou na sala de
          armas em punho. Naquele breu, elas emitiam quatro ameaçadores feixes de raios laser. Os homens
          projetaram os feixes em todas as direções, pelo chão, pelas paredes do fundo, para dentro das galerias,
          vasculhando a escuridão. Muitas vezes, a simples visão de uma arma com mira a laser bastava para
          provocar uma rendição imediata.
                 Aparentemente, não esta noite.
                 Ainda não houvera nenhum movimento.
                 O agente Simkins levantou a mão, gesticulando para sua equipe entrar no recinto. Em silêncio,
          os homens se espalharam. Avançando com cautela pelo corredor central, Simkins acionou um botão
          nos óculos, ativando a mais recente inovação do arsenal da CIA. Os geradores de imagens térmicas
          existiam  havia  muitos  anos,  mas  avanços  recentes  em  miniaturização,  sensibilidade  diferencial  e
          integração  de  duas  fontes  haviam  possibilitado  uma  nova  geração  de  equipamentos  de  otimização
          visual que dava aos agentes uma visão quase sobre-humana.
                 Nós  podemos  ver  no  escuro.  Podemos  ver  através  das  paredes.  E  agora...  podemos  ver  o
          passado.
                 Os equipamentos geradores de imagens térmicas haviam se tornado tão sensíveis às diferenças
          de temperatura que eram capazes de detectar não apenas a localização de uma pessoa... mas também
          onde ela esteve antes. A capacidade de ver o passado muitas vezes se revelava a maior vantagem de
          todas. E, naquela noite, mais uma vez, ela provava seu valor. O agente Simkins viu uma assinatura
          térmica em uma das mesas de leitura. As duas cadeiras de madeira surgiram fosforescentes em seus
          óculos, num tom roxo-avermelhado, o que indicava que elas estavam mais quentes do que as outras
          cadeiras da sala. A lâmpada da luminária sobre a mesa brilhava em cor laranja. Era óbvio que os dois
          homens tinham se sentado ali, mas a pergunta agora era em que direção tinham fugido.
                 Ele encontrou a resposta no balcão central que rodeava o grande armário de madeira no centro
          da sala. A fantasmagórica impressão de uma palma de mão reluzia em vermelho-vivo.
                 De  arma  em  punho,  Simkins  avançou  em  direção  ao  móvel  octogonal,  correndo  o  laser  pela
          superfície. Deu a volta até ver uma abertura na lateral do armário. Não acredito que eles tenham se
          metido  neste  beco  sem  saída!  O  agente  verificou  o  friso  ao  redor  da  abertura  e  viu  ali  outra  marca
          brilhante  de  mão.  Obviamente,  a  pessoa  havia  segurado  o  batente  da  porta  ao  se  enfiar  dentro  do
          armário.
                 A hora de ficar em silêncio havia terminado.
                 — Assinatura térmica! — gritou Simkins, apontando para a abertura. — Flancos, convergir!
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