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Langdon continuou a abraçá-la.
                 — Está tudo bem — sussurrou ele. — Você está bem.
                 Porque  você  me  salvou,  Katherine  quis  lhe  dizer.  Ele  destruiu  meu  laboratório,  todo  o  meu
          trabalho. Anos de pesquisa... tudo virou fumaça. Ela queria lhe contar tudo, mas mal conseguia respirar.
                 —  Nós  vamos  encontrar  Peter.  —  A  voz  grave  de  Langdon  ressoou  contra  o  peito  dela,
          trazendo-lhe um pouco de Consolo. — Eu juro.
                 Eu sei quem fez isso!, queria gritar Katherine. Foi o mesmo homem que matou minha mãe e
          meu  sobrinho!  Antes de  ela  conseguir  se  explicar,  porém,  um  som  inesperado  rompeu  o  silêncio  da
          biblioteca.
                 O forte estrondo ecoou de algum lugar abaixo deles, na escadaria de um saguão — como se um
          grande  objeto  metálico  houvesse  acabado  de  cair  sobre  um  piso  de  ladrilhos.  Katherine  sentiu  os
          músculos de Langdon se contraírem na mesma hora.
                 Bellamy deu um passo à frente, com uma expressão de desespero no rosto.
                 — Temos que ir embora. Agora.
                 Atarantada, Katherine seguiu o Arquiteto e Langdon enquanto eles cruzavam o grande saguão
          às  pressas,  em  direção  à  célebre  sala  de  leitura  da  biblioteca,  que  estava  toda  iluminada.  Bellamy
          trancou rapidamente os dois conjuntos de portas atrás deles, primeiro as externas, depois as internas.
                 Katherine continuou a acompanhá-los atordoada, enquanto Bellamy os conduzia rumo ao centro
          da sala. Os três chegaram a uma mesa de leitura na qual havia uma bolsa de couro sob uma luminária.
          Ao lado da bolsa estava um pequeno embrulho em forma de cubo que Bellamy recolheu e guardou
          junto com...
                 Katherine estacou. Uma pirâmide?
                 Embora nunca tivesse visto aquela pirâmide de pedra gravada, a compreensão do que aquilo
          significava fez seu corpo inteiro se enrijecer. De alguma forma, suas entranhas conheciam a verdade.
          Katherine Solomon acabara de se deparar com o objeto que tanto prejudicara sua vida. A pirâmide.
                 Bellamy fechou o zíper da bolsa e entregou-a para Langdon.
                 — Não perca isso de vista.
                 Uma explosão repentina sacudiu as portas externas da sala. O tilintar de vidro estilhaçado veio
          em seguida.
                 — Por aqui! — Bellamy deu um giro, parecendo assustado enquanto os fazia correr até o balcão
          central de empréstimo: oito bancadas em volta de um imenso armário octogonal. Ele os conduziu para
          trás das bancadas, apontando em seguida para uma abertura no armário. — Entrem aí dentro!
                 — Aí dentro? — indagou Langdon. — Eles vão nos encontrar com certeza!
                 — Confiem em mim — disse Bellamy. — Não é o que estão pensando.


          CAPÍTULO 57

                 Mal’akh  acelerava  sua  limusine  na  direção  norte,  rumo  a  Kalorama  Heights.  A  explosão  no
          laboratório de Katherine fora bem maior do que ele esperava, e Mal’akh tivera sorte de escapar ileso.
          Mas o caos resultante viera a calhar, permitindo que ele deixasse o complexo sem ser interceptado pelo
          vigia distraído, que estava ocupado em gritar ao telefone.
                 Preciso sair da estrada, pensou. Se Katherine ainda não tivesse ligado para a emergência, a
          explosão com certeza chamaria a atenção da polícia.
                 E seria difícil não repararem um homem sem camisa dirigindo uma limusine.
                 Após  anos  de  preparação,  Mal’akh  mal  podia  acreditar  que  aquela  noite  havia  chegado.  A
          jornada até ali tinha sido longa, difícil. O que começou anos atrás na tristeza... terminará hoje à noite em
          glória.
                 Na noite em que tudo começou, ele não se chamava Mal’akh. Na verdade, na noite em que tudo
          começou, ele não tinha nome nenhum. Detento 37. Como a maioria dos prisioneiros de Soganlik, nos
          arredores de Istambul, o Detento 37 fora parar ali por causa das drogas.
                 Estava  deitado  em  seu  catre  dentro  da  cela  de  cimento,  no  escuro,  faminto  e  com  sede,
          perguntando-se quanto tempo ficaria preso. Seu novo companheiro de cela, que ele conhecera apenas
          24 horas antes, dormia no catre logo acima. O diretor da prisão, um alcoólatra obeso que detestava o
          emprego e descontava nos detentos, havia acabado de apagar as luzes.
                 Eram  quase  10  da  noite  quando  o  Detento  37  escutou  uma  conversa  ecoando  do  duto  de
          ventilação. A primeira voz era inconfundivelmente nítida — o sotaque penetrante e hostil do diretor da
          prisão, que obviamente não gostava de ser acordado por um visitante tardio.
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