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S  O  E  U
                 A  T  U  N
                 C  S  A  S
                 V  U  N  J

                 Langdon  passou  um  bom  tempo  examinando  aquela  grade,  à  procura  de  algum  indício  de
          significado nas letras — palavras ocultas, anagramas, qualquer tipo de pista —, mas não teve sucesso.
                 — Dizem — começou a explicar Bellamy — que a Pirâmide Maçônica guarda seus segredos
          atrás de muitos véus. A cada um que se ergue, outro surge. Você desvendou essas letras, mas elas
          nada revelam antes que outra camada seja removida. Ë claro que somente aquele que detém o cume
          sabe como fazer isso. Desconfio que ele também tenha uma inscrição que ensina a decifrar a pirâmide.
                 Langdon olhou de relance para o embrulho em forma de cubo sobre a mesa. Depois de ouvir o
          que Bellamy tinha dito, ele entendeu que o cume e a pirâmide eram um “código segmentado” — um
          enigma dividido em vários pedaços. Os criptologistas modernos usavam códigos segmentados o tempo
          todo, embora esse esquema de segurança tivesse sido inventado na Grécia Antiga. Quando queriam
          guardar informações secretas, os gregos as gravavam em uma tabuleta de argila e depois a quebravam
          em vários pedaços, escondendo cada um deles em um local diferente. Somente quando todas as peças
          eram reunidas os segredos podiam ser lidos. Esse tipo de tabuleta de argila gravada — chamado de
          symbolon — era, na verdade, a origem da palavra moderna símbolo.
                 — Robert — disse Bellamy —, esta pirâmide e este cume foram mantidos separados durante
          muitas gerações, o que garantiu a segurança do segredo. — Seu tom se tornou pesaroso. — Mas, hoje
          à noite, as duas peças se aproximaram perigosamente. Tenho certeza de que não preciso dizer isso,
          mas é nosso dever garantir que esta pirâmide não seja completada.
                 Langdon  estava  achando  exagerado  aquele  drama  todo  de  Bellamy.  Ele  está  descrevendo  o
          cume e a pirâmide... ou um detonador e uma bomba nuclear? Ainda não conseguia aceitar muito bem
          as afirmações do Arquiteto mas isso parecia pouco importar.
                 —  Mesmo  que  isto  aqui  seja  de  fato  a  Pirâmide  Maçônica  e  mesmo  que  esta  inscrição  de
          alguma  forma  revele  o  paradeiro  de  um  saber  antigo,  como  esse  conhecimento  poderia  conferir  a
          alguém o poder que lhe é atribuído?
                 — Peter sempre me falou que você era difícil de convencer, um acadêmico que prefere provas a
          especulações.
                 — Está me dizendo que acredita mesmo nisso? — quis saber Langdon, perdendo a paciência.
          —  Com  todo  o  respeito...  Você  é  um  homem moderno,  educado.  Como  é que  pode  acreditar  numa
          coisa dessas?
                 Bellamy deu um sorriso complacente.
                 — O ofício da Francomaçonaria me fez ter um profundo respeito por aquilo que transcende a
          compreensão humana. Eu aprendi a nunca fechar a mente a nenhuma ideia pelo simples fato de ela
          parecer milagrosa.


          CAPÍTULO 54

                 Agitadíssimo,  o  vigia  responsável  pelo  perímetro  do  CAMS  percorreu  correndo  a  trilha  de
          cascalho que margeava o complexo. Acabara de receber um telefonema de um segurança lá dentro
          dizendo que o painel de acesso do Galpão 5 tinha sido sabotado e que uma luz de segurança indicava
          que a porta de correr que dava para a área externa estava aberta.
                 O que será que está acontecendo?
                 Quando  chegou  à  porta  de  correr,  viu  que  de  fato  ela  estava  aberta  cerca  de  um  metro.
          Estranho,  pensou.  Esta  porta  só  pode  ser  destrancada  por  dentro.  Ele  tirou  a  lanterna  do  cinto  e
          iluminou a escuridão profunda do galpão. Nada. Sem querer pisar lá dentro, avançou só até o limiar e
          enfiou a lanterna pela abertura, virando-a para a esquerda e em seguida para a...
                 Duas mãos poderosas agarraram seu pulso e puxaram-no para o breu. O vigia sentiu seu corpo
          ser  girado  por  uma  força  invisível.  Um  forte  cheiro  de  etanol  invadiu-lhe  as  narinas.  A  lanterna  saiu
          voando de sua mão e, antes de ele sequer conseguir processar o que estava acontecendo, um punho
          duro  feito  pedra  colidiu  com  seu  esterno.  O  vigia  desabou  no  chão  de  cimento...  grunhindo  de  dor
          enquanto um vulto alto se afastava dele.
                 O homem ficou deitado de lado, arquejando à medida que tentava respirar. Sua lanterna estava
          ali perto, com o facho se estendendo rente ao piso e iluminando o que parecia uma espécie de lata de
          metal. O rótulo dizia ser óleo para bico de Bunsen.
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